O que esse rio tem de bom mesmo são seus vinhos fabulosos, de ambos os lados das fronteiras
Do lado português o nome do lindo rio que desemboca no Atlântico é Douro, mas logo após cruzar a fronteira, ao norte de Portugal passa a se chamar Duero, já na Espanha. Além de várias outras sinergias, o que mais se destaca são os vinhos. O Vale do Rio Douro que se localiza há pouco mais de 100 quilômetros da cidade do Porto é sem a menor dúvida a mais linda região vitivinícola do Planeta.
Seus socalcos ou patamares com as plantações de uvas à beira do Rio mostram um cenário maravilhoso. Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior formam um conjunto incrível de onde sempre brotaram as uvas destinadas ao famoso vinho do Porto e de 15 anos para cá, grandes vinhos de mesa. No próprio Douro algumas casas já faziam vinhos de mesa há muitos anos, mas, comercialmente, os vinhos de mesa dessa região são ainda uma novidade no tradicional mundo do vinho. Nesses poucos anos dedicados ao vinho de mesa os resultados são fabulosos. Vinhos espetaculares tem sido lançados ano após ano.
O que mais diferencia esses vinhos são as uvas autóctones, realmente especiais. Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão e Sousão são algumas das mais destacadas. A Touriga Nacional é a vedete dentre todas, pois possui características especiais, principalmente nos aromas. Alguns produtores elaboram vinhos varietais, mas os mais destacados são produzidos por vinhas velhas, que geralmente são uma miscelânea das castas plantadas no mesmo espaço de terra. Os varietais são produzidos a partir de vinhas que foram plantadas mais recentemente. Nos últimos anos o Vale do Rio Douro tem sido amplamente desenvolvido no enoturismo, com hotéis e pousadas de todos os níveis. Uma sugestão para quem gosta de sossego, linda paisagem e excepcionais vinhos é a Quinta do Vallado.
Comandada por João Alves Ribeiro (tataraneto de Maria Adelaide Ferreira, a Ferreirinha) e com a enologia a cargo de Francisco Olazabal e Francisco Ferreira (primo de João e também descendente direto da Ferreirinha), a Quinta hoje produz vinhos reluzentes e sensacionais. Muitos deles conquistando prêmios e pontuações astronômicas mundo a fora.
Do lado espanhol o portentoso rio atravessa algumas regiões e passa nas cercanias de Zamora, onde fica a região vitivinícola denominada Toro, que também produz grandes vinhos, principalmente tintos nos últimos anos. A região de Rueda ,muito forte na produção de brancos, também tem influencia do Rio ao norte. Como definimos uma degustação somente entre Douro e Ribera Del Duero, vamos deixar os vinhos dessas regiões para uma próxima oportunidade.
A macro região da Ribera Del Duero é berço de grandes vinhos tintos que podem ser considerados dentre os melhores do mundo. É dessa região a mítica Bodegas Vega Sicilia. É nessa casa que é produzido o mais impressionante vinho espanhol e que está ranqueado entre os 10 vinhos mais importantes do mundo.
Em visita recente ao Brasil , com Pablo Alvarez, um dos proprietários, tive o prazer de degustar os Vega Silicia Único safras 1982 e 2000. O Vega Único 2000 foi o vinho de maior pontuação de todos os vinhos degustados em 2010 (98 pontos). Nessa bonita região o enoturismo também tem crescido bastante. A Bodegas Arzuaga que produz vinhos extraordinários tem um grande hotel em suas instalações.
Na grande degustação às cegas realizada, separamos os vinhos em 2 grupos. Um dos vinhos ícones e outro de vinhos mais acessíveis. O que mais marcou é que a casta Tinta Roriz é a mesma que a “espanhola” Tinta Del Pais, porém os vinhos do lado português do Douro sempre tem uma importante proporção de outras castas enquanto que no lado espanhol, a maioria dos vinhos são a base da casta Tinta Del Pais ,como é chamada a Tinta Roriz na Ribera, algumas vezes cortada com Cabernet Sauvignon e Merlot. É essa a grande diferença entre esses vinhos. Enquanto no Douro existem vinhas velhas com uma grande gama de castas, na Ribera Del Duero temos sempre a Tinta Del Pais como casta predominante. No Douro podemos encontrar varietais de castas como Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e até Sousão, que tivemos o prazer de degustar um e que a propósito estava excelente.
As degustações às cegas com os dois grupos dos vinhos foram realizadas em dois dias diferentes. Todos os vinhos estão listados abaixo com a minha pontuação seguida do nome do importador.
Vale ressaltar que na degustação dos ícones, não tivemos nenhum vinho com menos de 90 pontos e tivemos dois com 96 pontos, que podemos sugerir um empate técnico entre o Mauro VS – Vendemia Seleccionada 2004 e o Vallado Adeliade 2005. Dois vinhos de tirar o fôlego e que merecem pontuação clássica. Ambos estão jovens e com muitos anos pela frente. O garage wine Antonino Isquierdo 2006 estava sublime. Um vinho inesquecível pela sua personalidade e finesse. O Valduero Gran Reserva 1999, por ser o vinho mais antigo da mesa confirmou sua estrutura e mostrou-se o mais pronto nesse flight. O fabuloso Vallado Field Blend 2007 é um vinho que precisa mais alguns anos de garrafa para estar mais integrado. Os dois varietais, o Vallado Sousão 2007 e o Crasto Touriga Nacional 2006, estavam especiais e mostrando a característica das castas. Olfativamente o Touriga Nacional foi o grande campeão da degustação. Essa casta concede aromas incríveis ao vinho com destaque para a carga floral (violetas) e mineral. Já o Sousão 2007 é uma experiência a parte. Retinto, robusto e intenso.
Dos vinhos value for Money tivemos boas novidades como os dois tintos da Quinta do Soque do Douro, o Reserva 2005 e o Vinhas Velhas 2007. Ambos fizeram um excelente papel ao lado do delicioso Bafarela Grande Reserva 2008, esse último, o mais jovem dos vinhos e com excelente performance. O desempenho dos vinhos foi de uma maneira geral excelente, mas com dois destaques e mais uma vez um de cada lado do Rio. Da Ribera de Duero o Arzuaga Crianza 2006 estava delicioso com seus taninos polidos. Um vinho para comprar de caixa. Do lado português do Rio, o Crasto Superior 2007 estava sublime. Firme, rico e com muita personalidade.
Ícones
Duero
Antonino Isquierdo Vendimia Seleccionada 2006 – 95 pontos – Casa do Porto
Arzuaga Reserva Especial 2004 – 93 pontos – Decanter
Valduero Gran Reserva 1999 – 94 Pontos – Ana Imports
Mauro VS Vendimia Seleccioanada 2004 – 96 pontos – Vinci
O. Fournier Alfa Spiga 2004 – 92 pontos – Vinci
Douro
Vallado Adelaide 2005 – 96 pontos – Cantu
Vallado Field Blend 2007 – 95 pontos – Cantu
Vallado Sousão 2007 – 93 pontos – Cantu
Crooked Vines 2005 – 90 pontos – Casa do Porto
Touriga Nacional 2006 – 93 pontos – Qualimpor
Custo Benefício
Duero
Arzuaga Crianza 2006 – 91 pontos – Decanter
Valduero Crianza 2007 – 89 pontos – Ana Imports
O. Fournier Urban Uco 2007 – 88 pontos – Vinci
O. Fournier Spiga 2005 – 89 pontos – Vinci
Douro
Quinta do Soque Vinhas Velhas 2007 – 87 pontos – Ana Imports
Quinta do Soque Reserva 2005 – 88 pontos – Ana Imports
Bafarella Grande Reserva 2008 – 89 pontos – Ana Imports
Crasto Superior 2007 – 91 pontos -Qualimpor
Vallado 2007 – 90 pontos – Cantu
Serviço:
Ana Imports – http://www.anaimport.com.br/
Cantu Importadora – http://www.cantu.com.br/importadora.html
Casa do Porto Porto – http://www.casadoportovinhos.com.br/
Decanter Vinhos – http://www.decanter.com.br/Vitrine/Home/Home.aspx
Qualimpor – http://www.qualimpor.com.br/
Vinci Vinhos – http://www.vincivinhos.com.br/
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