A série de telas que Tomie Ohtake pintou de olhos vendados, há 50 anos

Há pouco mais de meio século, o abstracionismo, o concretismo e um incipiente neoconcretismo compunham o panorama da arte brasileira. Segundo Mario Pedrosa, quando se procurava uma saída não geométrica para a produção do período, essa era a trilhada pelas pinturas de Tomie reunidas nesta exposição proposta por Paulo Herkenhoff. Com Pinturas Cegas, o curador retoma e aprofunda a reflexão acerca da série. (Texto do site do Instituto Tomie Ohtake)

Em cartaz até o dia 19 de junho, a mostra repensa a presença da artista na história e na historiografia da arte brasileira. A desafiadora tarefa de reunir as 30 obras provenientes de acervos e coleções particulares espalhadas pelo Brasil e exterior resulta na oportunidade de se contemplar, pela primeira vez, um conjunto expressivo desta série desconhecida do grande público, realizada há cerca de 50 anos (1959-1962).

Segundo o curador, estas telas, concebidas de olhos cobertos, se problematizam como fenômeno do olhar. “A venda, como a cegueira para Diderot, ilumina o conhecimento sobre o olhar”. O crítico esclarece também que essas pinturas não buscam produzir uma imagem que corresponda à interioridade do Ser. “É uma pintura transiente: o acontecer pictórico acontecendo (…) nesse sentido, o trabalho das pinturas cegas é sempre uma operação crítica sobre o ocularcentrismo que rege a modernidade”.

De 12 de abril a 19 de junho de 2011
Tomie Ohtake – Pinturas cegas
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) – Pinheiros, SP
Fone: 11 2245-1900
www.institutotomieohtake.org.br

Fotos: Divulgação/Reprodução