Como vencer o caminho para “ser quem somos”
Os toltecas, povo que habitava a região do sul do México e segundo referências antropológicas, composto de artistas e cientistas cuja finalidade era a sabedoria espiritual, preservavam muito a liberdade que nos concedemos, aquela que vem da alma e que aflora à medida que nos livramos dos parasitas que nos impedem de entender o próprio Eu e clarear a proposta de evolução.
Aquele que ascendia a um grau maior de conhecimento era chamado de “nagual”, e foi através do livrinho escrito por um de seus seguidores, Dom Miguel Ruiz, cujo exemplar ganhei de uma amiga sensível, que me envolvi com seus quatro compromissos, ou a ajuda para enfrentar o nevoeiro a que chamavam de “mitote”, que nos permite enxergar; o que os hinduístas chamam de “maya”(ilusão), o que a gente acredita ser pelas aparências e influências e que faz com que se resista ao fundamental: ser quem somos.
Primeiro compromisso: seja impecável com a sua palavra. Ela é o poder que você tem de criar, que compõe o desejo, a vontade, o querer. A palavra tanto pode criar quanto destruir. Eis porque é importante não cometer a hipocrisia, não dizer o que não se pensa. As sementes do homem são as opiniões, as idéias, os conceitos. Cuidado, em não falar certas coisas que não têm volta!
Segundo compromisso: não leve nada para o lado pessoal. Não absorva insultos e nem se deixe levar por convencimentos e bajulações, por mais que agradeça e analise os elogios. Capte o quanto a opinião do outro sobre nós é tão mais dele do que nossa. Assim, não se torne presa fácil de predadores ou feiticeiros das palavras e não assuma lixos emocionais que não seriam seus; tornar-se imune e não ser atingido pelo externo é um privilégio.
Terceiro compromisso: não tire conclusões. Atenha-se apenas à realidade imediata e concreta e depois coloque tudo na balança para auto-análise. Ao contrário do que se prega, a transparência não vem dos outros, começa em nós. Presumir é menos inteligente do que parece. Não tenha medo de fazer perguntas e pedir esclarecimentos. A inteligência nos mostra que apenas enxergamos o que queremos e escutamos o que nos convém.
Quarto compromisso: dê sempre o melhor de si. Em qualquer circunstância, mesmo em situações que pareçam insignificantes. Tenha em mente o seu melhor e a consciência de que ele nunca será o mesmo de um período para o outro e nem de uma pessoa a outra; daí a importância de se renovar o entusiasmo. Não faça para ser amado, faça por amor, o que é diferente e afasta arrependimentos.
Quando você faz o melhor que pode, aprende a aceitar a si mesmo e que agir é a sua melhor conquista de identidade.
Viver integralmente esses quatro compromissos era para os toltecas o Ponto do Alcance. O que Moisés chamou de Terra Prometida; Buda, de Nirvana e Jesus Cristo, de Céu. Onde não há motivos para sofrimentos desnecessários e todas as razões para ser feliz. É uma escolha, tal como sofrer o nosso destino ou aproveitá-lo entre alegrias dores. Faça a sua.
Ilustração: colagem digital com imagem do Homem Vitruviano (Leonardo da Vinci, c. 1487)