Exposição seleciona esculturas do acervo do museu e materiais efêmeros como papelão, tinta e fita adesiva

Preparativos para a instalação na Pinacoteca

Treinado como pintor, o artista português Carlos Bunga expandiu sua prática abrangendo diversas mídias, incluindo colagem, desenho, escultura e vídeo. Em suas instalações arquitetonicamente dimensionadas, Bunga usa materiais produzidos em massa como papelão, fita de embalagem e pintura de casa para construir estruturas que lembram os abrigos temporários ou maquettes em tamanho natural.  Durante semanas o trabalho é desenvolvido pelo artista sempre em diálogo direto com a arquitetura do local onde está expondo.De  28 de janeiro a 11 de março a Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta a exposição Mausoléu de Carlos Bunga (Porto, Portugal, 1965). Para o Projeto Octógono, Bunga selecionou um conjunto de esculturas do acervo do museu, que serão colocadas no centro do espaço, onde será construída uma edificação de papelão, fita adesiva e tinta, criando um novo ambiente dentro o espaço, uma espécie de torre-mausoléu envolvendo as obras e que poderão ser vistas por meio de fendas e aberturas nas suas paredes. Segundo Ivo Mesquita, curador da mostra, “os trabalhos de Carlos Bunga são marcados pelo seu caráter efêmero e mutável, pois estão sujeitos a intervenções e performances do artista, no sentido de causa o seu desmoronamento como resultado final do trabalho. Estas situações remetem de imediato à memória de casas destruídas e paredes demolidas, mas podem, no interior do museu, também serem percebidas como uma extrapolação do campo da pintura. O diálogo existente entre a arquitetura e o espaço onde as obras do artista são construídas permite ao observador a apreensão dos processos de mutação contínua da arquitetura e do espaço urbano, assim como questões específicas da arte e de suas instituições.”

Bastidores da exposição

Entretanto, deve ser observado que os projetos de instalações e intervenções de Carlos Bunga não seguem nenhum projeto concebido ou desenhado anteriormente. Ao contrário, eles nascem do embate direto do artista com o espaço que hospedará o trabalho. No caso do projeto para a Pinacoteca, para além da relação direta com a arquitetura do museu, ele também trabalha com a própria noção de museu enquanto instituição cutural.

Instalação da Exposição de Carlos Bunga no Hammer Museum em Los Angeles em cartaz até 22 de abril de 2012. Fotos de Brian Forrest.

A obra de Carlos Bunga aborda questões da precariedade, fragilidade e arquitetura degradada das cidades. Seu processo criativo começa a partir de uma pesquisa sobre as características históricas, e culturais do espaço. Depois, Bunga inicia a construção de planos e volumes, pranchas de papelão e fita adesiva. O artista vai tomando as decisões intuitivamente, numa relação física com o espaço e com a própria instalação à medida que esta vai ganhando forma. Quando a estrutura está concluída, as suas superfícies exteriores são uniformizadas pela pintura a branco; as superfícies interiores postas sobre as paredes do espaço expositivo, em contrapartida, são pintadas de diversas cores e abrigarão cinco obras do acervo da Pinacoteca. “Esta instalação propõe uma reflexão sobre a arquitetura e a evolução da cidade. O meu processo de trabalho tem bastante espaço para a intuição e improvisação, e o espaço Octógono permite que eu explore bastante todas essas questões. Trabalhar aqui significa ter a possibilidade de intervir/relacionar-se com o lugar e também com a riqueza de poder aprender”, afirma Carlos Bunga.

Bunga trabalhando em sua instalação

:: Serviço ::

Carlos Bunga – Exposição Mausoléu
De 28 de janeiro a 11 de março de 2012
Local: Pinacoteca do Estado de São Paulo
www.pinacoteca.org.br