Mostra traça um panorama da milenar cultura indiana em mais de 350 peças entre fotografias, pinturas e esculturas datadas de 200 a.C. a 2011

Máscara Javali Panjurli

Com curadoria geral de Pieter Tjabbes, o Centro Cultural Banco do Brasil apresenta a exposição Índia!, a maior já realizada em nosso país, oferece uma visão caleidoscópica da riqueza e da diversidade cultural desse fascinante país. Junto com a mostra, estão presentes obras dos artistas contemporâneos Vichal K Dar, Vivan Sundaram e do Pix Collective, até 29 de abril. Isso torna a exposição abrangente e atemporal, uma vez que estão presentes peças com mais de dois mil anos e outras realizadas especialmente para a exposição. São fotografias, pinturas e esculturas sacras e objectos de arte popular que revelam a cultura indiana e sua rica história. “Fiquei encantado com a vitalidade da cultura do país, com a diversidade artística e a capacidade de criar expressões novas, sem esquecer-se do passado. Por isto resolvi fazer uma exposição que parte do contemporâneo, mas que em alguns momentos faz incursões no passado”, explica Tjabbes, holandês radicado em São Paulo.

Buda no momento de sua iluminação

ÍNDIA! reúne mais de 350 peças, divididas em três blocos temáticos: “Homem”, “Deuses” e “Formação da Índia Moderna”, além de exemplares da produção contemporânea. Datadas de 200 a.C a 2011, as obras pertencem aos museus de Arte Asiática (Berlim), Rietberg (Zurique), Volkenkunde (Leiden, na Holanda), Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro), a instituições privadas e colecionadores indianos.

Percorrendo a Exposição

Ganesh e Sita

Ao chegar ao CCBB, o público é preparado para embarcar numa viagem pela Índia.  No piso térreo, assiste a um filme sobre o país com duração de sete minutos, conhece um yantra (altar) com a imagem de Ganesh, a mais venerada representação de Deus no hinduísmo, simbolizada por uma divindade de quatro braços, barriga grande e a cabeça de um elefante com uma presa só, e um tuk-tuk, triciclo motorizado usado como táxi. Também está no hall o espaço “Caminho das Índias”, com figurinos utilizados na novela exibida pela TV Globo em 2009.

Sari de casamento Gharchola tecido de algodão

No segundo andar, estão máscaras, esculturas, pinturas e objetos de diferentes épocas que explicam as principais religiões da Índia: hinduismo, islamismo, cristianismo e budismo. Ali estão as peças mais antigas do acervo, como o “Busto de figura feminina, aparentemente deusa-mãe”, equivalente à Nossa Senhora para os católicos, que data aproximadamente de 200 a.C., as esculturas em pedra “Buddhapada, pegada associada a Buda” e “Vishnu”, ambas do século XI, e a pintura “Shri Brijnathji, divindade tutelar do estado de Kota, adorado por músicos”, de 1730. Neste piso são abordadas a música, a dança e a TV indianas e há uma exposição de fotos do cotidiano produzidas pelos dois maiores fotógrafos do país no século XX, Raghubir Singh e Raghu Rai. 

“Busto de figura feminina, aparentemente deusa-mãe”

“Buddhapada, pegada associada a Buda”

“Vishnu”

“Shri Brijnathji, divindade tutelar do estado de Kota, adorado por músicos”

A tradição indiana de narração de histórias será vista no primeiro andar, com marionetes, fantoches e bonecos de sombra originais, como “Ganesh” e “Sita” (foto 2). Este piso também é dedicado à arte popular e ao artesanato, com esculturas votivas de terracota, peças em mármore e pedras semipreciosas, pintura sobre tecidos, como “O templo do Deus Jagannath”, e exemplares de técnicas variadas de tecelagem, uma das mais prósperas atividades do país desde que o líder pacifista Mahatma Gandhi mobilizou a população a produzir os próprios tecidos para não depender da Inglaterra.

Marionetes Kathputli Rajastão

Subindo ao terceiro andar, o visitante encontrará objetos utilitários do dia-a-dia do povo indiano, rural e urbano, e vestimentas completas.

Objeto de pedir esmolas

O subsolo apresenta a linha do tempo da história da Índia e uma seleção de fotografias antigas. São cerca de 100 imagens pertencentes à Fundação Alkazi, de Nova Déli, que mostram a visão do indiano sobre seu povo e o desenvolvimento das cidades entre 1860 e 1920, além da luta de Mahatma Gandhi pela independência da Índia, ocorrida entre 1928 e 1947 e registrada por Homai Vyarawall, a primeira repórter fotográfica do país. O antigo cofre do banco também abre espaço a Bollywood, a famosa indústria cinematográfica indiana.

Relicário com três figuras votivas - Terracota


Arte contemporânea da índia

A arte contemporânea indiana será apresentada na exposição “ÍNDIA – Lado a lado“, que acontece até 29 de abril 2012 no SESC Belenzinho, com curadoria da brasileira residente em Berlim Tereza de Arruda. Mas o CCBB-SP também trará uma pincelada da produção atual do país, exibindo obras de dois artistas e um coletivo. São eles:

PIX Collective – Grupo de ativistas do mundo da fotografia na Índia que estimula artistas e não-artistas a captarem as transformações e situações inusitadas, muitas vezes não percebidas a olho nu. A exposição traz imagens silenciosas da metaformose cotidiana da Índia, focada no espaço urbano, tradições culturais e sociais de Manu Thomas, Neha Malhota, Gareth Kingdon, Sangeeta Rana, Suvankur Ghoash, Mahesh Shantaram, Ronny Sen, Rajesh Vora.

Vishal K Dar (Digboi, 1976) – No vídeo “C de cortador”, Gandhi se depara com elementos inusitados da contemporaneidade. Sobre uma cédula de 500 rúpias, Vishal contrapõe tensões políticas internacionais com o movimento pacifista liderado pelo líder indiano, questionando como Gandhi receberia as homenagens póstumas, como a impressão de sua imagem na moeda nacional.

Vivan Sundaram (Simla, 1943) – As obras criadas para esta exposição usam material descartado para compor um novo código de design de vestimentas. O poder de expressão das vestes é infinito, assim como suas leituras – apelo à reciclagem, riqueza visual, sensualidade, contornos e materialidade – compatível com a diversidade da cultura indiana. O artista imprime em sua obra a preocupação ecológica como parte do processo de conscientização social.

:: Serviço ::

Exposição Índia!
Local: Centro Cultura Banco do Brasil
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Tel. (11) 3113-3651
Exposição até 29 de abril de 2012
Horários: terça a domingo das 9h às 21h
Entrada Franca
Estacionamento conveniado: Estapar – Rua da Conçolação, 228, Ed. Zarvos R$15 (período de 5horas). Necessário carimbar  ticket na bilheteria do CCBB