Para comemorar a virada do ano degustamos um Vinho do Porto com quase 150 anos
Quando João Alves Ribeiro, tataraneto de Dona Antónia Adelaide Ferreira (1811 – 1896), a Ferreirinha, deixou um alto cargo executivo em um dos mais importantes bancos de Portugal, tudo na Quinta de Vallado mudou. Mudou muito e para melhor. Ao lado do Primo, Francisco Ferreira, também tataraneto de Ferreirinha e de Francisco Olazabal, enólogo e também descendente direto de Ferreirinha, a alavancagem dessa Quinta foi impressionante. Francisco Olazabal é filho de pai de mesmo nome e ambos comandam a também renomadíssima Quinta do Vale Meão, também no Douro.
O ressurgimento dos vinhos da Quinta do Vallado aconteceu com os vinhos de mesa da safra de 1997, a primeira do Vallado nessa categoria. Quando de minha primeira visita ao Vallado em julho do no ano 2000 pude ver o que estava por vir. Naquela ocasião não só tive a oportunidade de ver o compromisso do trio como vi in loco a primeira safra do Vale Meão, que foi a 1999, que estagiava na ocasião nas dependências do Vallado.
De lá para cá muitos vinhos da Quinta do Vallado foram ganhando destaque na mídia mundial. Foram mais algumas viagens de seu colunista ao Douro, sem nunca deixar de provar os vinhos dessa extraordinária quinta.
Muitos foram destacados inclusive nessa coluna, com destaque para o grandíssimo Adelaide 2005, um dos mais espetaculares tintos de mesa da história do Douro.
Deixando de lado os vinhos de mesa, vamos falar de Vinho do Porto, que foi o vinho que mais projetou Portugal mundo a fora. A revolução dos vinhos de mesa dessa região é recente, mas a tradição do Porto já passou dos 250 anos. Em 10 de setembro de 1756 o genial Sebastião José de Carvalho e Melo, mais tarde conhecido como Marquês de Pombal, criou a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro.
Após esse dia a Região do Douro em Portugal passou a ser a 1ª região demarcada de vinhos com legislações específicas cujo objetivo era controlar a produção e comércio dessa maravilhosa bebida.
O Vinho do Porto conquistou o mundo inteiro há mais de 300 anos e fez de Portugal e mais precisamente da cidade do Porto, onde é produzido, uma marca de grande prestígio. Foram os ingleses que consagraram o Vinho do Porto e o fizeram o mais especial e imponente vinho doce do mundo. Vale ressaltar aqui que a durante aproximados 200 anos a Quinta do Vallado teve como principal atividade a produção de Vinhos do Porto, vinhos estes comercializados pela Casa Ferreira, que foi dos descendentes de Dona Adelaide.
Pois bem, logo após a meia noite do dia 31 de dezembro de 2012, já nos primeiros minutos do ano novo, tivemos o prazer de degustar um Vinho do Porto com quase 150 anos. Estamos falando de uma pequena amostra que recebemos da Quinta Vallado do “Adelaide Tributa”.
Esse Porto é um dos mais exclusivos vinhos do Porto disponíveis no mercado hoje. Produzido em 1866, foi engarrafado numa série limitada de 1.300 decanters originais de cristal, devidamente numerados e embalados numa caixa de madeira desenhada pelo Arquitecto Francisco Vieira de Campos, inspirada na nova cave de barricas da Quinta do Vallado.
Destina-se a um público muito especial, numa gama de preço na qual só os grandes vinhos do mundo se conseguem posicionar. O preço da garrafa do Adelaide Tributa é de 3.000 euros, em Portugal.
Como disse o renomado jornalista português João Paulo Martins é mesmo difícil descrever um vinho que custa 3.000 euros. É uma experiência única e mesmo muito difícil de poder reportar. Pois bem, honrados com a oportunidade, pudemos sentir o quão fabuloso é essa obra prima liquida.
O Adelaide Tributa foi produzido no ano de 1866 a partir de videiras pré-filoxéricas, de diversas castas das quais as mais destacadas são Tinta Roriz, Tinta Amarela, Touriga Franca, Barroca e Touriga Nacional. Na ocasião do Dona Antónia Adelaide Ferreira ainda era viva. Segundo os registros da família esse vinho provém de um lote original de cinco pipas de castanho, que por concentração através dos tempos, num ambiente extremamente favorável, deu origem a apenas duas pipas de 550 litros.
João enviou por correio um Kit com Pen Drive, Livreto e uma Amostra do Porto Adelaide Tributa 1866, em uma lindíssima embalagem.
Um Porto de aromas eletrizantes, que o tempo, muito tempo lhe fez bem. Somente um grande vinho pode resistir a tanto anos, mantendo as qualidades e no caso especifico, ganhando complexidade e vigor. Foi fundamental para a evolução desse vinho sua incrível e marcante acidez.
Como envelheceu em barris de carvalho foi adquirindo uma cor mais profunda com o passar dos anos. Em boca é verdadeiramente fenomenal com muita fruta vermelha e figo maduros, marcantes toques de frutas secas como amêndoas e nozes, toques de tabaco, defumados e madeira.
Seu retrogosto é muito longo e sua persistência em boca é quase infinita. Que bom começar um ano novo com um vinho dessa estirpe. Um Porto histórico de 98 pontos e que por mais incrível que parece ainda tem muita vida pela frente. Saúde 2013 e que venham mais vinhos como esse…. Tim Tim!!!!!