mulher pensando

Entre as minhas lutas pessoas por tentar evoluir um mínimo que seja, para não sair daqui como entrei, desperdiçando as oportunidades que a Lei Universal me concedeu ao permitir que a passagem por este mundo, chegasse até a minha idade, o topo da lista é julgar menos as pessoas, como já disse em outras vezes.
Como é difícil! Quantas vezes resvalo e quantas vezes nem percebo que estou fazendo julgamentos! Nossa, muito pior do que fazer dieta ou ter uma regularidade espartana nos exercícios físicos…o que também é dificílimo.
A meta de não julgar – pelo menos, tanto – se subdivide em dois itens: cuidar para que não caia em egolatria, o maior mal do nosso tempo e que consiste em não conseguir fazer qualquer juízo de valor que não passe pela própria imagem, colocando a figura própria como centro absoluto do certo e do errado, do bonito e do feio. E compreender que exigência não se mede, não se pode avaliar vitórias e derrotas, sucessos e fracassos, dependências ou autossuficiências, por resultados que impliquem em menor exigência.

Eis o erro, muitas vezes expresso na frase feita “fulano é um fracassado, não deu em nada na vida”. Como posso afirmar isso? Não deu por qual motivo? Só porque não vive no meu grau de exigência, que pode se resumir numa existência de luxo, poder, status, fama e celebridade, riqueza? De repente, não era isso o que a pessoa queria, ora!
Sempre me lembro do dito encontro entre o filósofo grego Diógenes e o sumo imperador Alexandre Magno, o homem mais poderoso de seu tempo no mundo de então. Diógenes tinha como objetivo de evolução, o despojamento: vivia errante e tinha como fortuna, um manto, a mochila e duas vasilhas de argila; dormia nas soleiras e pórticos. Conhecendo o brilho da inteligência de Diógenes e tomando conhecimento dessa miserabilidade, Alexandre foi ao seu encontro e ofertou-lhe “mestre, sou o homem mais poderoso do mundo, quero proporcionar-lhe uma vida melhor, peça o que desejar”. Era uma bela manhã de sol e Diógenes, depois de agradecer a proposta, disse-lhe “imperador, o senhor pode sair um pouco da minha frente, sua sombra está bloqueando o meu banho de sol. É só o que lhe peço”. O magno imperador, ainda que dotado de uma imensa ambição e ânsia de poder, entendeu a lição. Não tivesse ele sido formado por outro imenso filósofo, Aristóteles, a quem devia a clareza e a compreensão. E a partir daí, quando seus homens de confiança, os títeres da mordomia e os bajuladores de plantão, a “entourage” que cerca os poderosos (prática eterna), debochava de Diógenes por ter desperdiçado a chance do luxo e do conforto, respondia “saibam que se eu não fosse Alexandre gostaria de ser Diógenes, é o homem que invejo”.

Ainda que admire com viva emoção, a humildade na grandeza e deteste cada vez mais a arrogância e a pretensão, não consegui esse despojamento, sinceramente. Mas pouco a pouco, aprendo que exigência não se mede, que cada um deve buscar e viver como lhe satisfaz e que isso não atesta sucessos e fracassos.
O que já é um passo na luta para julgar menos.

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