Cerâmica, lavanda, trilhas, hospedagem charmosa e ótima gastronomia fazem de Cunha um destino de montanha imperdível
Chegar à Pedra da Macela não é tão difícil quanto o visual grandioso lá do alto pode sugerir. São aproximadamende 50 minutos caminhando em uma boa ladeira para alcançar seus 1.846 metros de altitude e contemplar uma extensão de mais de 70 quilômetros do litoral super recortado e salpicado por muitas dezenas de ilhas que abarca no mínimo de Paraty à Ilha Grande.
Cunha é um dos destinos de serra mais interessantes do estado de São Paulo. Além da localização privilegiada, a 225km da capital paulista e a menos de 50km do mar, o município abriga grande parte do Parque Estadual da Serra do Mar (núcleo Cunha-Indaiá), uma das poucas porções intactas e exuberantes da nossa preciosa Mata Atlântica.
A partir dos anos 80, Cunha se firmou como um dos principais polos ceramistas do Brasil, portanto visitar alguns dos diversos ateliês da região é um programa clássico da cidade. A arte da modelação de argila é algo quase tão antigo quanto a própria civilização humana, com artefatos milenares tendo sido encontrados em distintas regiões do planeta. Um dos ateliês que visitamos foi o Gaia, dos ceramistas Mali e Wagner, onde encontramos algumas das peças mais finas dentre eles. São muitas as técnicas praticadas pelos artesãos de Cunha, sendo possível participar de cursos e presenciar a abertura dos fornos.
Um atrativo mais recente e que vem rapidamente ganhado espaço no turismo da cidade são as produções de lavanda. Cultura originária na região do mediterrâneo, os campos forrados com a florzinha roxa da lavanda dentata e da lavanda stoechas conferem uma beleza inédita à paisagem de Cunha. A atividade é uma alternativa interessante às poucas opções agropecuárias viáveis em um relevo tão montanhoso como o da região, restrito em geral aos pequenos sítios leiteiros e plantações de eucalipto. O empreendimento pioneiro é o Lavandário, negócio fundado pela produtora cultural Fernanda Freire e que tem como objetivo, além da extração dos óleos de lavanda e alecrim, o desenvolvimento de uma série de produtos feitos com as essências, que vão de chás à shampoos e cremes.
Outro ponto forte de Cunha é a gastronomia. Nos dias em que estivemos por lá não tivemos tempo suficiente para provar tantos deles, mas entre os que experimentamos, vai a nossa recomendação ao Gnomo. A cozinha tocada pelo próprio mestre cuca Gnomo (o super receptivo Caio Penteado) mescla pratos típicos da culinária local com criações interessantes como o cordeiro ao vinho branco acompanhado com purê de banana e o sashimi de truta na cachaça, este concorrendo esse ano no concurso do Festival da Cachaça Gourmet. O ambiente é descontraído e sem pressa. Para tomar um café na cidade em frente a igreja matriz ou tomar uma bela sopa à noite, o Café & Arte é um lugar muito agradável.
Quanto à hospedagem, Cunha oferece um bom leque de opções gostosas, em especial as pousadas mais afastadas do centro, como a muitíssimo aconchegante Barra do Bié que tivemos a oportunidade de experimentar. Localizada no bairro de mesmo nome, a pousada do casal Ciro e Ana Rosa é show de hospitalidade e não a toa é cotada como um dos melhores destinos de toda região. Apenas 6 chalés em uma área de 58.000 m2 cheia de natureza garantem o sossego de quem está lá para relaxar e curtir a boa estrutura do lugar.
Em outubro Cunha sediará o L’Étape du Tour, prova de ciclismo com a bandeira da mais cobiçada competição da modalidade no mundo, o Tour de France. O evento já está mexendo bastante com o turismo da cidade, a expectativa é grande para receber até 3.000 atletas e familiares. Até o fim do ano está prometida a conclusão da pavimentação de um pequeno trecho na serra que liga a cidade à Paraty, o que facilitará e muito o acesso para quem vai a partir da rodovia Rio-Santos.
Estamos aqui na torcida para que a prefeitura de Cunha tome cuidados breves para impedir que construções feiosas continuem a dar grande prejuízo ao charme do visual colonial que a vila, parte da rota do ouro no século XVII, já teve um dia.
Como chegar:
Rodovia Cunha – Paraty Km 47 – Saída 65 da Rodovia Dutra (Guaratinguetá)
Distância São Paulo: 232 Km
Distância RJ: 302 Km
Onde ficar (on site review – onde nós estivemos):
Ana Rosa e Ciro fazem da barra do bié um lugar realmente especial. A atenção aos hóspedes é excepcional e o ambiente acolhedor e aconchegante da pousada proporciona momentos únicos de tranquilidade.
O chalé é amplo, com lareira e hidromassagem, a limpeza é impecável e o serviço de abertura de cama é um mimo aos hóspedes. Amenities Natura, roupão, lençol elétrico para os dias frios da serra completam o ótimo serviço.
Quem comanda o restaurante é a própria Ana Rosa, o jantar deve ser agendado com antecedência e os caldos que experimentamos estavam uma delicia!
Rodovia Cunha / Parati (SP 171) km 59, + 5,8 km de estrada não pavimentada, Cunha – SP
(12) 3111.1477 e (12) 3111.5177
http://www.pousadabarradobie.com.br
Diárias a partir R$558 – café da manhã incluso
Onde comer (on site review – onde nós estivemos):
A autêntica slow food, aqui você é atendindo pelo próprio Gnomo! Caio, o gnomo é o faz tudo do pitoresco restaurante, ele atende as mesas, apresenta a cozinha interativa, conversa muito com os clientes e ainda assume o fogão. Especialidades truta, cordeiro e shitake.
Endereço: Estrada do Ribeirão, Km 23 – Zona Rural, Cunha – SP
Telefone: (12) 99734-8869
Ótima parada para o café da tarde. No menu além dos chocolates artesanais, doces, café e chás você encontra caldos deliciosos como o de pinhão com carne e palmito.
Rua Cônego Siqueira – nº 03 – Centro, Cunha – SP
Culinária Alemã e ótima adega.
Endereço: R. Alcídes Nogueira, 288, Cunha – SP
Telefone:(12) 3111-1417
O que fazer (on site review – onde nós estivemos):
O pessoal da fazenda Aracatu montou uma lojinha pra lá de charmosa na entrada da fazenda. Por lá você encontra os queijos, sorvetes, cordeiro, ovos e hortaliças todos produzidos pela fazenda, além de outros itens de produtores locais. Vale a pena a parada!
Rodovia Cunha-Paraty, km 56, Cunha – SP
Telefone: (12) 99604-4796
A ideia inovadora da proprietária atrai dezenas de visitantes durante o final de semana, curiosos disputam local para achar o melhor ângulo para clicar o campo cheiroso e lindo campo de lavanda.
Estrada Cunha-Paraty SP 171, km 54,7 – Cunha, SP
O trabalho da Mali do Wagner é único e delicado. Eles são o destaque na região com a técnica de Raku, que imprimi na peça uma característica craquelada com efeito surpreendente.
Endereço: Rua Alcides Barbeta, 250, Cunha, Estado de São Paulo, Brasil