Fiquei muito contente ao ler o capítulo “As necessidades básicas do bebê do nascimento aos 9 meses” do livro da Laura Gutman. Entre outras coisas, ela diz que o Contato é uma necessidade básica, onde o bebê deveria ficar nos braços de sua mãe ou de algum substituto a maior parte do tempo, apoiado fisicamente, tocado, até mesmo apertado, como de fato estava no útero da mãe. Isso lhe permite estar em contato com permanente com outro corpo, que delimita o próprio corpo, que o protege, balança, abriga e canta para ele.
Isto é aparentemente simples, no entanto, a maioria das mães não conta com apoio externo suficiente para permanecer com o bebê no colo a maior parte do dia. Inconscientemente, elas travam uma luta interna entre a necessidade primária e filogenética que lhes é ditada pelo coração e aquilo que a sociedade, a família ou a cultura esperam delas e classificam de normal e saudável. De fato, em nossa sociedade ocidental, raras vezes temos a oportunidade de nos encontrar com mães que carreguem os bebês pendurados em seu corpo. Pelo contrário, abundam os carrinhos de bebê, bercinhos, cadeirinhas ou qualquer outro objeto que mantenham o bebê afastadíssimo do corpo da mãe. Quero ressaltar que dentro do útero materno o bebê tinha todas as partes de seu corpo em contato com outro corpo, apertado e com limites muito precisos. É essa a sensação que o bebê precisa reproduzir. O espaço aéreo é infinito. Quando não há contato completo, a sensação é a de estar caindo em precipício.
E você, ainda acha que muito colo faz mal para o bebê?
Fonte: trecho do livro “A Maternidade e o encontro com a própria sombra” – Laura Gutman