Chevrolet realiza encontro entre blogueiros e Emerson Fittipaldi no Salão do Automóvel

A Chevrolet realizou em seu estande no Salão do Automóvel, na tarde de domingo (31/10), um bate papo exclusivo entre blogueiros e o bicampeão mundial de Fórmula 1, campeão da Fórmula Indy e bicampeão da 500 milhas de Indianápolis, Emerson Fittipaldi.


Emerson Fittipaldi bate um papo com Blogueiros (Foto: Nathália Cunha)

Muito simpático e com um carisma enorme, a lenda do automobilismo mundial respondeu com entusiasmo desde o início da conversa a todas as perguntas. Emerson falou sobre o Salão do Automóvel, sua parceria com a Chevrolet, as tendências para os carros do futuro, a evolução da indústria automobilística brasileira, histórias da sua carreira, a 4ª geração dos Fittipaldi e muito mais.

Confira a entrevista!

O Salão do Automóvel de São Paulo 2010?

Eu acho que o salão está espetacular. Os carros aqui no salão do Brasil estão em um nível internacional, está igual ao Salão de Paris, o Salão de Detroit, a mesma coisa. Eu cheguei aqui e achei muito impressionante o público. Têm carros bonitos, carros modernos, carros internacionais. Achei muito bacana.


Tive a honra de sentar ao lado do ídolo (Foto: Nathália Cunha)

A indústria automobilística brasileira?

A indústria automobilística brasileira está chegando a um nível internacional, ainda falta um pouco. Falta ainda os carros grandes na minha opinião. Existem só alguns.  Tinha que ter mais carros grandes aqui no Brasil. Mas é um automobilismo diferente, um mercado diferente, as estradas são diferentes, mas está chegando. O brasileiro está chegando bem perto de investir, gastar dinheiro e ter um carro em nível internacional. O público brasileiro está mais exigente do que estava antes.

A tendência dos grandes salões voltados para carros e motos no Brasil?

Eu acho que o público brasileiro sempre gostou muito de carro, de motocicleta. Quando você tem novidade o pessoal quer ver acessórios, carros modificados. Aquela moda de Tunning, de tunar os carros, saiu não só no Brasil, mas fora do Brasil. É uma moda que vai voltar, todo mundo gosta de mexer no carro, personalizar. A indústria brasileira está bombando, é recorde e recorde de venda de carros aqui no Brasil. Estou muito feliz com o automobilismo brasileiro, não só de competição, mas pela indústria nacional.

"A primeira vez que andei em um carro elétrico foi em 1974, em Genebra, na Suíça" (Foto: Nathália Cunha)

Tecnologias dos carros do futuro?

Eu tenho ido muito à Inglaterra, Itália, estive na Austrália, na China várias vezes nos últimos anos, e realmente a preocupação moderna do automóvel é um carro pequeno, um carro econômico e um carro clean, um carro ecológico. Todas as grandes montadoras estão muito preocupadas com o futuro, com as emissões, com a economia de combustível, carro aerodinâmico. Então, eu acho que a tendência futura é ter um carro muito menor do que o atual, um carro muito mais leve, porque peso é potência e energia. Se conseguir tirar peso do carro você está ganhando energia, velocidade e estabilidade. Serão usados materiais mais sofisticados no carro. O carro ficará mais resistente e quanto mais sofisticado o material, por exemplo, fibra de carbono, o carro ficará muito mais seguro para os passageiros. E eu acho que sem dúvida alguma é um carro mais econômico como investimento.

Etanol?

O Brasil está na frente de todos os países do mundo em relação ao etanol. Não existe nenhum outro país no mundo com a distribuição que o Brasil tem.  Os Estados Unidos lançou o carro flex, eu tinha um carro desses lá, mas não se encontrava posto de gasolina para comprar etanol. No Brasil tem em cada esquina um posto para comprar etanol a disposição e lá nos Estados Unidos não é a mesma coisa.

Carro elétrico?

O carro elétrico urbano já pode ser uma solução. Pode já a começar a fazer parte da nossa vida. O problema do carro elétrico é a distribuição da eletricidade. Não dá para viajar hoje em dia um carro elétrico.  A solução da GM foi ter um motor a gasolina que recarrega as baterias, quando elas descarregam para não ter o risco de ficar na rua. O problema do carro elétrico é que você vai usando a bateria e tem o risco de ficar na rua. Por isso a solução foi colocar um motor a explosão como uma emergência. Eu acho que o carro elétrico tem um futuro muito grande, mas vai depender muito da distribuição de energia.

Carro a hidrogênio?

O carro a gás e a hidrogênio já é uma coisa que existia na Segunda Guerra Mundial, já teve uma solução, também é um caminho certo. Mas eu vejo uma tendência muito grande de se fazer um carro muito menor, mais resistente, mais barato e mais ecológico com energias diferentes.


Emerson autografa poster do Camaro(Foto: Nathália Cunha)

Tendência dos carros para os próximos anos?

Mesmo o carro elétrico tem que ser leve, mesmo o carro a hidrogênio tem que ser leve. Porque é uma tendência de um carro menor. Menor fisicamente por problemas de trânsito, estacionamento. Os carros urbanos serão muito pequenos e quem for viajar vai ter um carro maior para poder viajar mais confortável.

A primeira vez que andou em um carro elétrico?

A primeira vez que andei em um carro elétrico foi em 1974, em Genebra, na Suíça. Um cientista suíço fez e eu fui e voltei de Genebra até Lausanne, que são 80 km. O carro pesava 1800 kg de bateria e chegava a quase 100 km/h. Então não é novidade o carro elétrico. Foi na primeira crise do petróleo, quando o peço do barril deu aquela disparada.

Parceria entre Chevrolet e Emerson Fittipaldi?

A minha história com a Chevrolet já é de muitos e muitos anos. O primeiro projeto que eu fiz com a Chevrolet foi o 500 CS, que foi o Monza, o primeiro carro de injeção direta do Brasil. O segundo projeto que eu fiz com a GM foi há 2 anos, o Pace Car, o carro madrinha de Indianápolis, que era um Corvette. A Chevrolet fez 500 carros com a minha assinatura, o carro era preto e prata. E esse ano é muito especial, porque comemoro 40 anos da minha primeira vitória em grande prêmio. O Omega Fittipaldi é um carro muito especial, ele vem com motor de quase 300 cavalos, é um sedã quatro portas com características esportivas de pilotagem.   Eu estou muito honrado e muito orgulho de ter o nome Omega Fittipaldi em um carro realmente top da GM Brasil.

História da Chevrolet em competições?

O Luiz Chevrolet quando começou a Chevrolet ganhou as 500 milhas de Indianápolis, em mais ou menos em 1920. Então a Chevrolet tem uma herança muito grande em competições, que pouca gente sabe no Brasil.

geração dos Fittipaldi?

O meu neto Pietro, que tem 14 anos, começou a correr de kart com 6 anos. Corre nos EUA, Correu só uma vez na Brasil no kartódromo de Interlagos. Andou muito bem, ganhou muita corrida de cart. E eu um ano atrás fui para o presidente da Nascar, ele queria começar com a Nascar, a categoria mais popular americana, e eu conversei com ele que meu neto ia completar 14 anos e perguntei quando ele poderia começar.  E ele falou que no ano que vem já pode, porque com 14 anos eles já deixam começar. Ai ele falou ainda, não se preocupe porque nos reduzimos muito a potencia do motor, só tem 500 cavalos (risos).

Qual piloto você acha mais completo atualmente?

O mais completo na minha opinião é o Fernando Alonso, hoje em dia, e o Schumacher ano que vem vai surpreender muita gente. Estão devendo um carro para ele e com a entrada da Pirelli vão desenvolver um pneu no estilo dele. Porque o Schumacher sempre gosta de carro que sai de traseira. A grande dificuldade dele este ano foi que o pneu dianteiro não é muito positivo e a distribuição de peso não é como ele quer no carro.

Eu almocei com o Ross Brawn e Monza, no Grande Prêmio da Itália, e eles estão desenvolvendo um carro especial para o Schumacher.  Ele tem físico e cabeça ainda para ser competitivo.

Os circuitos brasileiros em relação ao resto do mundo?

O prefeito Kassab está fazendo um trabalho muito bom em Interlagos para manter o Grande Prêmio do Brasil. Porque hoje existe uma seleção de países novos que querem entrar na Fórmula 1 com autódromos espetaculares. Então nós estamos tentando continuar reformando Interlagos, para ter condições de continuar o Grande Premio do Brasil.

O circuito de rua para receber a Indy eu achei espetacular. Os autódromos no Brasil precisam ser reformados. A maioria foi construída nos anos 70, estão totalmente obsoletos. Piso ruim, segurança ruim. Há um ano, o presidente Lula me chamou em Brasília que ele queria reformar todos os autódromos. O governo está preocupado em reformar os autódromos.

A diferença entre correr a Fórmula 1 e a Indy?

As duas eram muito legais. A Fórmula 1 era mais tradicional, na Indy pra mim era tudo novidade. Eu tinha que acertar carro para andar em circuito oval que era muito diferente, para mim era um desafio novo. E era um ambiente muito esportivo ainda, sem muita política. A Fórmula 1 tem muita politicagem, muito interesse comercial,  diferente da Indy, onde o esporte é o número 1.