“Onde há mente, há respiração, e onde há respiração, há mente. Se você conseguir controlar a respiração, consegue controlar a mente e vice-versa.” (B. K. S. Iyengar)

Essencial à vida, a respiração controla o oxigênio necessário às células, eliminando o gás carbônico acumulado no organismo. Simples assim, transformações químicas ocorrem em milésimos de segundo a cada troca entre entrada e saída do ar. O oxigênio passa do ar para o sangue por difusão e o gás carbônico passa do sangue para o ar; nossos sistemas neurovegetativo, parassimpático e simpático projetam ramificações dentro do tecido pulmonar.

A respiração afeta nosso ritmo cardíaco. Dessa maneira, o aspecto psíquico da respiração está ligado ao nosso estado emocional, podendo-se acirrá-lo ou amenizá-lo. Quando lenta e controlada, leva tranquilidade emocional e mental. O ritmo estabelece a paz entre a mente e os impulsos do nosso corpo. No Yoga, a respiração vai além dos efeitos físicos, do intercâmbio gasoso dos alvéolos pulmonares, do aumento da pressão do tórax e abdome, levando o fluxo sanguíneo numa e outra direção do corpo, pois o mais importante é conduzir o prana (energia vital) para todo o organismo.

Prana é o princípio da vida, a energia primordial que assume todas as formas. O alimento, ar, fogo, água, terra. No Yoga, a respiração é o suporte para os ásanas (posturas) e na variação do expirar e do inspirar e reter a energia (ar), produz-se o equilíbrio. O controle dessa energia chama-se pranayama. Sendo assim, as posturas determinam os ritmos respiratórios em cada movimento. Se não acontecer o ritmo (contagem de tempo), sua energia é esvaziada em vez de revigorada. Assim, é muito importante na aula de Yoga a prática regular dos diferentes pranayamas, o que torna fundamental a orientação de um professor que tenha conhecimento e ética ao ensinar esses preceitos.

O pranayama está na divisa entre o físico e o espiritual do nosso corpo. O diafragma é o ponto de encontro entre os dois. A prática exige ainda que o controle do fluxo de energia (repirações) seja suave e natural, de forma a não perturbar o corpo. Nesse contexto, quando controlamos os movimentos que acontecem de dentro para fora, ocorre o silêncio, quando não há pensamentos. Então, onde está a mente? Ela se dissolveu no eu. É como se fosse um véu que encobre nossa consciência. A prática traz clareza, discernimento.

Se por um momento você prestar atenção à sua respiração e sentir o ar entrar e sair, poderá perceber o instante entre uma e outra ação. Aí reside o silêncio, em que as células não estão em movimento. Então diz-se que nesse momento acontece a união entre o ser e o universo cósmico.

Namaste

Na próxima semana, “Tipos de respiração e suas aplicações terapêuticas”

Imagens:
Seven Chakras – Peter Weltevrede (Wikipedia in English) [CC-BY-SA-2.5], via Wikimedia Commons
Crown Chakra – C.W. Leadbeater (Book “The Chakras”) [Public domain], via Wikimedia Commons