Foi uma grande pena, tínhamos uma terceira via se cristalizando. Mas a vida e a história são tantas vezes irônicas.
Aquela bobageira de ficar comparando FHC com Lula e Dilma é uma coisa cansativa de se ouvir, parece coisa de corno manso. Está certo que ter aquele molusco mau caráter, preguiçoso, ignorante e arrogante como líder máximo da nação foi uma deformidade assombrosa que a democracia pode produzir, mas o fato é que fomos roubados e enganados sem piedade por todos que nos governaram. Não fugiu muito do papel que sempre cabe a nós brasileiros. Ou por acaso alguma vez foi diferente em nossa breve história republicana?
Não tivemos tempo para conhecer Eduardo Campos, infelizmente. Seria sem dúvida a minha opção. Quando foi anunciado em abril que Marina seria sua vice, não entendi muito bem, mas está claro agora que foi genial da parte de Campos. Montou uma chapa capaz de transitar por todos os lados, sem grandes desafetos e uma esperança genuína para todos milhões de brasileiros desesperançados com essa lástima ética e moral que são nossos governos.
Eduardo Campos e Marina Silva talvez não fossem capazes de superar Aécio Neves para garantir lugar no segundo turno. A campanha pra valer estava a uma semana de começar, tenho certeza de que arrancariam quando começasse a exposição nacional e o bom discurso do ex-governador de Pernambuco, mas no fim acho que Eduardo bateria na trave, estaria forte para 2018. Entretanto, uma tragédia mudou tudo, quem sabe não mudou os rumos do país. A comoção e o choque trouxeram a discussão política para o primeiro lugar, e por mais que tenhamos um rebanho apolitizado, não há um brasileiro que não tenha tido contato com o assunto nos últimos dias.
Em 2010 votei em Marina Silva, então nada mais natural que vá de Marina novamente. Uma acreana magrela com uma trajetória de vida impressionante e a determinação inabalável dos que vem pra fazer história. Como essa mulher, filha de seringueiros, alfabetizada aos 16 anos, quase derrubada diversas vezes por doenças fruto da miséria tornou-se a senadora mais jovem a ocupar o cargo, ministra da república e canditada a presidência com chances reais de vitória? Outro assombro, porém feliz, de uma democracia. Abracei Marina como a esperança de um Brasil melhor.
O idealismo ambiental parece estar equilibrado com a necessidade indispensável do agro-negócio forte e competente. O social está nas raízes de quem nasceu pobre e carregou sempre a bandeira do trabalhador. O valor da educação como único meio verdadeiro para ascender como ser humano está claro para quem foi do mobral à universidade. O mercado talvez estivesse apreensivo, mas ela largou sem pregações economicas revolucionárias. A governabilidade…. ah, essa sim pode ser um problema, sempre foi, para todos, é um câncer que só poderá ser extirpado com a tão urgente reforma política. Só torço mesmo para que não misture as bolas e deixe sua religiosidade pessoal bem longe da política nacional.
Antes o risco da desilusão do que a certeza da decepção. Vou pagar pra ver.
Imagens: reprodução
25/Ago/2114
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