Resultado de pesquisa acadêmica do historiador Sérgio Estephan, livro apresenta a trajetória de uma das principais referências do violão instrumental brasileiro
Em Abismo de rosas, as Edições Sesc São Paulo resgatam a trajetória de Américo Jacomino, o “Canhoto” (1889-1928), uma das principais referências do violão instrumental brasileiro. Fruto de extensa pesquisa do historiador Sérgio Estephan, o livro faz em seu título uma referência à composição de maior sucesso de Canhoto, “Abismo de rosas” que, segundo o musicólogo e jornalista Zuza Homem de Mello, é considerada o “hino nacional do violão brasileiro”.
Paulistano, filho de imigrantes italianos, pintor de painéis, compositor, instrumentista, professor de violão e funcionário público, o autodidata Canhoto se destacou por seu virtuosismo e pela particularidade que lhe valeu o apelido: embora canhoto, não invertia as cordas de seu instrumento. Para reconstruir a trajetória desse artista que viveu na virada do século XIX para o XX e integrou uma geração de músicos considerada pioneira do violão instrumental brasileiro, Estephan reuniu fonogramas, partituras, jornais de época, fotografias, correspondências e depoimentos.
“O historiador Sérgio Estephan decifra certos enigmas do itinerário musical de Canhoto, foca a lente nas partituras, nas gravações e no modo virtuoso de tocar que acompanha a trajetória do pioneiro do violão instrumental brasileiro.”
Antonio Rago Filho
Para além da vida e obra de Canhoto, o autor analisa as relações do violonista com o contexto histórico em que estava inserido. Assim, o primeiro capítulo traz uma reflexão sobre a música instrumental brasileira da virada do século XIX para o XX, em especial o choro, gênero que foi a base da produção musical de Canhoto. Já o segundo capítulo aborda a trajetória de Canhoto a partir de sua atividade em São Paulo, cidade que se tornava um grande centro urbano e na qual ocorria uma efervescência artística, especialmente nos chamados “espetáculos de variedades”, quando a música se mesclou com outras atividades artísticas, como o teatro, o circo, a literatura e, posteriormente, a nascente indústria cinematográfica.
“Canhoto, compreendemos por este brilhante estudo, empenhou-se em retirar o violão do subsolo, da marginalidade e das desqualificações intraduzíveis que foram impostas pelas elites orgânicas.”
Antonio Rago Filho
As partituras e registros fonográficos são o foco do capítulo seguinte, que examina o universo de composições de Canhoto e sua técnica como instrumentista, desde a pioneira fase mecânica até o surgimento do sistema elétrico de gravações. O livro é encerrado com um capítulo dedicado à proximidade entre Canhoto e Carlos Gardel, abordando a música para violão no Brasil, na Argentina e no Paraguai, e oferecendo um breve panorama sobre o violão instrumental na América do Sul em um momento em que o instrumento reassumiu sua condição de solista e de concerto.
Aparadas as arestas que poderiam levar este livro a ser usufruído apenas por iniciados nos meandros acadêmicos, Sérgio concebeu uma obra que irá interessar desde o leitor comum, curioso por conhecer melhor a história de nossa cultura, até aquele mais especializado, ávido por se abastecer de informações reunidas pelo viés da sensibilidade e da inteligência.
“Fruto de uma ampla pesquisa de doutorado, este livro tem o mérito de não apenas trazer a vida, a obra e uma série de partituras de Canhoto, mas também de dirigir um olhar acurado para a história do violão, do choro e até dos espetáculos artísticos nos contextos da cidade de São Paulo, do Brasil e do resto do continente sul-americano.”
Danilo Santos de Miranda
FICHA TÉCNICA:
Abismo de rosas: vida e obra de Canhoto
Edições Sesc São Paulo
Autor: Sérgio Estephan
ISBN: 978-85-9493-038-5
Páginas: 168 pp.
Formato: 19 x 25 cm
Preço: R$ 48,00
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SOBRE O AUTOR
Sérgio Estephan é professor e pesquisador nas áreas de história, música e cultura do Brasil da primeira metade do século XX, em particular do violão instrumental brasileiro, temática abordada a partir dos seguintes trabalhos de pesquisa: O violão instrumental brasileiro: 1884-1924 (mestrado em história, PUC-SP, 1999); “Viola, minha viola”. A obra violonística de Américo Jacomino, o Canhoto (1889-1928), na cidade de São Paulo (doutorado em história, PUC-SP, 2007); e, por fim, O violão instrumental brasileiro na Era do Rádio: Dilermando Reis, Garoto e Antonio Rago (pós-doutorado, Instituto de Artes da Unesp, 2012).
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