Alegria é mais profunda que a dor, concluiu o filósofo
Angústias e alegrias temos todos. Dores e gratificações, também. Problemas existem no cotidiano comum, tanto como belas surpresas e satisfações. Mas, alguns não entendem isso; talvez por ver a vida apenas como o Vale das Benesses (mesmo que a gente não precise ver como o Vale de Lágrimas…) e não perceber que todos nós passamos por essas nuanças no dia-a-dia.
São aqueles que costumam afirmar “sabe, eu tenho problemas” e fechar a cara ou apresentar um comportamento sombrio, como se os outros não o tivessem ou fosse responsáveis por suas desditas.
Há quem seja mestre, mau mestre, aliás, em raramente se alegrar por um fato positivo e, muitas vezes, se abater diante da menor dificuldade ou impedimento. Shakespeare, o bardo inglês, dizia bem: “Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos”.
É preciso lutar muito para não se tornar uma pessoa incapaz de viver os fatos bons, os adventos positivos, as coisas gostosas que a existência proporciona em mínimas sensações com a euforia e o prazer correspondentes e entrar num estado de espírito negativo e pesado, por coisas tão pequenas, por contrariedades comuns ao viver, por não correspondências ao que se pretendia, mas que nada tinha a ver com a realidade alheia.
Os que fazem um cavalo de batalha por nada, os que se desgastam pelo que não vale a pena, os que encontram problemas em tudo, os que reclamam do mínimo e não conseguem conviver com o os “nãos” que a vida nos coloca à frente, acabam sombrios, desagradáveis, péssimas companhias. E o resultado é a solidão e o abandono.
O filósofo alemão Friedrich Nitzsche, numa de suas últimas conclusões, em aparente contradição à sua obra, declarou “alegria é sempre mais profunda que a dor; alegria quer profunda, profunda eternidade”.
Realmente, como se eternizam as pessoas alegres, bem humoradas, sorridentes, que sem cair na superficialidade, iluminam os ambientes e sabem reconhecer as graças e os privilégios, assim como as pequenas alegrias que caem no colo. Que dão louvas ao bem-estar e transmitem isso para os que com elas convivem.
Todos os dias, em minhas preces, agradeço por ter tido uma mãe assim: a pessoa mais alegre e de bem com a vida que conheci, modéstia à parte. E menos reclamante. De uma leveza que encantava a todos.
Pensemos no dramaturgo de Stratford-Upon-Avon e nos esforcemos para sofrer menos e nos alegrar mais. As benesses pedem isso.