“A boa, velha e eficiente propaganda guerrilheira”
Semana passada um amigo me recomendou que eu lesse os textos de um camarada colunista da Folha. O nome dele é Guilherme Boulos, figurinha fácil na mídia nos últimos tempos, um dos coordenadores do MTST, esteve estrelando as manchetes em São Paulo com as invasões pré-Copa (das Copas) do movimento. Eu gostei da dica, vale a leitura.
Fala algumas coisas razoáveis, estudou filosofia na USP, percebe-se que é um cara inteligente e despontou como uma liderança política de esquerda. Tem atitude, sem dúvida. Mas o problema é justamente esse “de esquerda” e a mentalidade tacanha que o posicionamento sempre carrega. Não cabe mais, não tem mais sentido alguém ficar de um lado ou de outro. Essa turma precisa entender que a União Soviética não existe mais, Cuba é uma ilhota miserável e a China… bom, não dá para entender muito bem o que ela realmente é. O capitalismo puro e selvagem também acabou, ou não está longe disso, o Reagan não é mais o presidente americano, já sabemos no que dá o livre mercado sem controle. Os lobos tomam conta. Ninguém situado no século XXI em sã consciência pregaria mais isso. O caminho é o do meio.
Um dos textos do camarada Boulos começa assim: “Se existe amor em São Paulo eu não sei. Mas fascismo, esse existe. E a elite paulistana não faz nenhuma questão de escondê-lo”. Caraca, isso é muita groselha! Essas classificações são típicas, uma distorção da realidade. Estou certo de que ele sabe o que significa verdadeiramente fascismo, mas não convém a cautela para usar o termo. Pegou toda a paulistanada com poder aquisitivo de médio pra cima e comparou sem dó com figuras como Hitler, Mussolini e Franco, os maiores fascistas da história. Parecido? Talvez bolchevique stalinista seria a pecha oposta. Mas bobagem, não é o caso. Ele tem seu valor como defensor dos interesses dessa gente eternamente abandonada pelas políticas públicas de todos os governos.
Esse negócio de jogar pobre contra rico é coisa dos idos da revolução industrial, quando surgiu uma classe proletária gigantesca explorada em condições sub-humanas e precisava se unir em sindicatos para lutar por seus direitos. Uma luta justa e árdua contra os poucos donos do capital e a nobreza que não largava o osso. Dalí em diante incontáveis evoluções e revoluções, experiências felizes e fracassos retumbantes. Mas passou. A luta hoje é pela educação sobre a ignorância, pela hosnestidade sobre a corrupção.
O Brasil é uma democracia em consolidação, precisa avançar nas políticas sociais assim como na modernização responsável do estado capitalista. Não são coisas excludentes, são complementares. As pessoas que lideram devem ter compromisso mais sério com a verdade quando manobram livremente suas massas.
De propaganda guerrilheira já bastam as da companheira presidente.
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