por Rafael Machtura, Portal Onne

Michel Leme, foto de Giselly Gonçalves

 

Guitarrista, compositor e professor. Talvez essa seja a melhor forma de definir Michel Leme; direto e reto.
Músico profissional desde 1990, o paulistano que já participou de mais de vinte discos de música instrumental e lançou seus próprios discos “Umdoistrio”, “Quarteto” e “Trocando Idéiais”,  ensina guitarra nas principais escolas de música de São Paulo, como Souza Lima, EM&T e In Concert Academia de Música.
Hoje, Leme toca com o grupo “A Firma”, com quem gravou Michel Leme & A Firma, em 2007, junto com diversos outros convidados, e também comanda a boa música do ONNE Night of Jazz, evento realizado mensalmente no Club ONNE, em São Paulo.

Michel Leme - foto de Giselly Gonçalves

ONNE – Como surgiu o convite para iniciar o projeto ONNE Night of Jazz?
Michel Leme –
A Juliana Barros [diretora geral do Portal ONNE] procurava um artista para fazer acontecer o projeto e consultou o Raul Mozardo, na Academia In Concert – escola de música no Itaim Bibi que adotou minha metodologia de ensino de música na guitarra. A partir daí, nós três fizemos umas duas reuniões e vimos que nossas idéias combinavam. Foi aí que um trabalho muito agradável se iniciou, e estou muito feliz em fazer parte.

ONNE – E como foi a primeira noite do evento?
Leme –
Tocamos muito à vontade, para variar. O som foi muito agradável, tocamos músicas minhas gravadas no disco [Michel Leme & A Firma] e nos divertimos muito. Acho que o público teve contato com um som muito honesto, direto e sem quaisquer artifícios para agradar a quem quer que seja. Simplesmente tocamos o que estávamos com vontade de tocar. E isso faz a diferença.

ONNE – O que você acha da proposta do ONNE Night of Jazz, de trazer boa música a um evento de relacionamento?
Leme –
A proposta é ousada, principalmente em relação à música. Digo isso porque, hoje em dia, quando se fala em música ao vivo, pode se pensar na música como um “pano de fundo” ou “fundo musical para conversas”.
Só que eu acredito na relação entre o músico e o público, como algo “de igual pra igual”. Ou seja, nós tocamos “o que” e “como” quisermos ou sentirmos como mais verdadeiro, ao mesmo tempo em que o público reage como quiser – sem protocolos, aplausos orquestrados ou qualquer mentira do gênero.
Foi quando conversei com a Juliana e percebi que ela também queria algo nesse grau de honestidade no evento. Vi, então, que tínhamos uma proposta realmente diferenciada e especial.

Michel Leme - Foto de Giselly Gonçalves

ONNE – Além de jazz, quais outros gêneros têm te influenciado?
Leme –
Meu avô, Durvalino Leme, ensinou-me os primeiros acordes tocando o repertório que ele tocava nos bailes, na região de Espírito Santo do Pinhal, no começo do séc. XX. Por isso, componho sambas e coisas mais brasileiras, às vezes. Isso é natural para mim, já que ouço desde criança.
Também ouço música clássica. Adoro Debussy, Ravel e Stravinsky. Também gosto muitíssimo de Bach, acho que foi um Buda, um iluminado que nos deixou uma obra monumental e emocionante.
E também sou rockeiro pra caramba. Ultimamente estou gostando muito dos discos mais recentes do Slayer.
O que eu ouço constantemente e que sempre me choca é o som dos saxofonistas Sonny Rollins, John Coltrane e Wayne Shorter. Também adoro os pianistas Ahmad Jamal, Keith Jarrett, Art Tatum e Herbie Hancock.

ONNE – Se for pra escolher um disco, qual você teria em mãos?
Leme –
Sem querer ser clichê, mas o “A Love Supreme” de John Coltrane. É especialíssimo, mesmo.

ONNE – Na infância, como você aprendeu a tocar guitarra?
Leme –
Meu avô e meu irmão, Mauro Leme, foram meus primeiros professores. Meu irmão gosta muito de rock e me apresentou Beatles, Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Black Sabbath, enfim, “os clássicos”. Meu avô mostrou o belíssimo violão solo brasileiro, com choros, catiras, valsas, sambas, etc. Ambos foram meus primeiros professores e minhas primeiras influências.

Michel Leme- foto de Eni Cunha

ONNE – Seu último trabalho, Michel Leme & A Firma é de 2007. Você já está trabalhando no próximo disco?
Leme –
Sim! Estou gravando nos meses de outubro e novembro, e lançarei em fevereiro.

ONNE – Qual será o nome do álbum?
Leme –
O disco novo ainda não tem nome. Uma grande amiga, Cinthia Crelier, está pintando a capa e, neste exato momento, estou terminando a mixagem. Acredito que quando estiver tudo pronto (arte, master, etc.), algum nome virá.

ONNE – Como professor, qual é o papel, e também a força, da música na educação do jovem?
Leme –
A cada dois meses, eu faço um som e, às vezes, uma prática de conjunto no Instituto Anelo em Campinas, no bairro Jardim Florence, bem afastado do centro. O Anelo é uma ONG que ensina música para as crianças e jovens de baixa renda nesta região. O que o fundador da instituição e meu amigo, Luccas Soares, me conta é sempre alguma história de recuperação de algum jovem pelo seu simples envolvimento com a música. Já ouvi várias delas e são belas, reais e emocionantes. Uso esse exemplo da Anelo porque é mais forte do que qualquer frase bonita ou de efeito que se possa dizer.

Michel Leme, junto de Thiago Alves, no baixo, Serginho Machado, na bateria, e Pepe Rodrigues, no piano, se apresentam na segunda edição do ONNE Night of Jazz, que ocorre no dia 26 de novembro, no Club ONNE, em São Paulo.

Serviço:

www.onnejazz.com.br

www.michelleme.com.br

ONNE NIGHT OF JAZZ – 26/11/09

21h – R. Orobó, 125 – Alto de Pinheiros

Couvert artístico R$20