Como é bom conviver com gente que não cria dificuldades

Sou um admirador incondicional de um comportamento que faz toda a diferença na atitude das pessoas: a boa vontade, tão simples e que faz a vida tão mais fácil na cotidianidade, que abrange o próprio cotidiano, a rotina, o trivial e o prosaico. Que nos acompanham inexoravelmente.
Noutro dia alguém me ligou apenas para destacar uma atitude gentil de um prestador de serviços, o que vem se tornando raro e hoje, merece esse destaque, o que deveria ser um fator comum e me perguntou qual é mesmo o Dia da Cortesia. Sinceramente, não me lembro, mas no fato relatado não consegui dissociar da boa vontade.
Bem aventurados, portanto, os homens e mulheres que detém essa qualidade em suas posturas existenciais, o que é diferente da educação, muitas vezes está longe da etiqueta e corre paralelo ao compromisso.
Boa vontade é se dispor a fazer algo sem criar problemas ou antecipar dificuldades, mesmo não conhecendo totalmente a forma de agir ou não tendo a afirmação da competência para executar uma tarefa.
Também não é solidariedade necessariamente e nem versatilidade. Está muito mais ligada à intenção de colaborar, de participar de um movimento interpessoal e de perceber com naturalidade o quanto o agir em conjunto pode ser mais produtivo. É humilde e ampla.


Como é bom conviver com gente que não cria dificuldades de inicio e não mantém o “não vai dar certo” como uma norma primeira. Que exerce com graça ou leveza o “vamos tentar”, uma porta para a esperança e para o otimismo. Que, inclusive, estimula quem está por perto.
Tenho para mim, que é preferível trabalhar com pessoas não tão competentes ou eficazes, mas que tenham essa boa vontade, que se proponham a experimentar o novo e a ultrapassar barreiras. É mais de meio caminho andado.
Na prestação de serviços fica muito claro esse sinal verde que abre para a esperança e a realização, que emana paz e forma um campo de simpatia e positividade à volta. Mesmo considerando o cansaço, o desgaste, a mesmice e a incompreensão de quem solicita, é horrível você chegar a uma repartição, a uma agência bancária, loja ou restaurante e encontrar funcionários ou atendentes de cara amarrada, ar de enfado, indiferença, mesmo que sem a configuração da desatenção. Está claro que nada vai dar certo, que não se conseguirá o objetivo, que não se encontrará o produto desejado ou o prato que se quer comer naquele dia. Como tudo fica pesado!
Aliás, o melhor, quando possível, é virar as costas e ir embora. Má vontade contagia, irrita, faz do ambiente uma contracorrente imediata. Quem trabalha ou encara a energia vibratória que está em todos os lugares e circunda pessoas, sente isso com clareza e confirma seus efeitos ruins.
Louvemos pois as pessoas de boa vontade! A elas, a homenagem penhorada desta crônica. Merecem muito. Afinal, fazem a vida ficar mais bonita e leve, não é?