Cheio de estilo, balas e sangue, filme reutiliza os clichês dos filmes de ação para criar um momento de diversão descompromissada.
(Assista ao trailer no final dessa matéria)
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, Los Angeles virou um campo de batalha ao ser controlada por mafiosos, que geriam o tráfico de drogas, de armas e a prostituição da cidade. A polícia até que tentava combater essas figuras, mas se a corrupção – e o medo – estava presente dentro dos departamentos, como acabar com isso?
Não é à toa que o reinado de figuras como Al Capone, John Dillinger e Mickey Cohen foram longos, gerando muito caos, mortes e excitação para aqueles anos. Também, não é à toa que essas figuras se tornam tão interessantes para quem vive hoje em dia, afinal, ser criminoso naquele época era ter estilo, ser bruto e inteligente – coisa bem diferente dos “vilões” de hoje em dia.
Nos cinemas, todos esses personagens reais já tiveram os seus grandes momentos: Al Capone foi retratado por Robert De Niro em Os Intocáveis; John Dillinger ganhou os trejeitos e o rosto de Johnny Depp em Inimigos Públicos; e agora, Mickey Cohen reaparece com o temperamento explosivo de Sean Penn no espetacular Caça aos Gângsteres (Gangster Squad, EUA, 2013).
Ambientado em 1949, o filme acompanha um grupo de policiais liderados por John O’Mara (Josh Brolin) e que pretendem acabar com o reinado de Cohen em Los Angeles. Esse grupo, segundo a lenda, existiu de fato, e conseguiu acabar com os tentáculos criminosos do mafioso, iniciando uma pequena revolução para desmantelar a máfia.
Levemente inspirado pela realidade, o filme dirigido por Ruben Fleischer (que possui um estilo visual bem apurado, vide seu longa de estreia, Zumbilândia) e roteirizado por Will Beall (da série de TV Castle) resolveu ir para um lado da ação e do clichê – mas não que isso seja ruim.
Existem diretores que sabem trabalhar com os elementos padrão de um gênero, reutilizando ou reinventando-os de acordo com a sua visão. Fleischer é assim: se em Zumbilândia ele subverteu o gênero dos zumbis ao acrescentar comédia e um visual escrachado, aqui ele pega todos aqueles elementos que já vimos em filmes de ação e os coloca para refinar a história.
E isso acontece até na estrutura do filme: primeiro, somos apresentados ao vilão, malvado, sanguinário, bruto, mas que quer ser refinado, tendo até uma professora de boas maneiras, Grace Faraday (Emma Stone); em seguida, todos os protagonistas “bonzinhos” aparecem, tendo atitudes heroicas e se indispondo com o posicionamento “confortável” dos outros em relação aos criminosos.
Depois, começam as primeiras abordagens do grupo de policiais, algumas delas cômicas e outras bem tensas, resultando em mortes que mudam o posicionamento dos personagens. Finalmente, o pré-clímax e o final em si se aproveita da tensão e agressividade presente no filme inteiro para explodir em testosterona e sangue.
Falando assim, parece que é mais um filme do Stallone. Mas, aqui, a coisa é diferente: já disse que Fleischer é um diretor bem visual, então Caça aos Gângsteres vai apostar nesse sentido em suas cenas de ação: de uma perseguição de carros de arrepiar, passando para o tiroteio final, tudo é milimetricamente orquestrado para garantir a adrenalina e aquele ardor de tensão nos ombros.
Com um elenco impecável– os já citados Josh Brolin, Sean Penn e Emma Stone, além de Ryan Gosling, Mireille Enos, Nick Nolte, Anthony Mackie, Robert Patrick, Michael Peña e Giovanni Ribisi -, Caça aos Gângsteres é um filme sem muitas pretensões além de trazer duas horas de diversão. Sem se preocupar em ser fiel à história que retrata ou de querer ser realista, a obra busca esse contexto histórico para homenagear os filmes da era de ouro que tratavam dessa temática.
O destaque fica para Penn, surtado, e a direção e edição cuidadosa do filme. De resto, não espere surpresas ou um filme completamente diferente daquilo que você já viu: Caça aos Gângsteres é uma colagem dos melhores elementos dos filmes de ação é uma diversão descompromissada, cheia de estilo e muita testosterona, balas e sangue.