O que esse rio tem de bom mesmo são seus vinhos fabulosos, de ambos os lados das fronteiras

Vinhas da Quinta do Soque com o Rio Douro ao fundo

Do lado português o nome do lindo rio que desemboca no Atlântico é Douro, mas logo após cruzar a fronteira, ao norte de Portugal passa a se chamar Duero, já na Espanha. Além de várias outras sinergias, o que mais se destaca são os vinhos. O Vale do Rio Douro que se localiza há pouco mais de 100 quilômetros da cidade do Porto é sem a menor dúvida a mais linda região vitivinícola do Planeta.

Carolina Garcia Viadero – Diretora e Yolanda Garcia Viadero – Enóloga – Proprietárias da Bodega Valduero

Seus socalcos ou patamares com as plantações de uvas à beira do Rio mostram um cenário maravilhoso. Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior formam um conjunto incrível de onde sempre brotaram as uvas destinadas ao famoso vinho do Porto e de 15 anos para cá, grandes vinhos de mesa. No próprio Douro algumas casas já faziam vinhos de mesa há muitos anos, mas, comercialmente, os vinhos de mesa dessa região são ainda uma novidade no tradicional mundo do vinho. Nesses poucos anos dedicados ao vinho de mesa os resultados são fabulosos. Vinhos espetaculares tem sido lançados ano após ano.

O que mais diferencia esses vinhos são as uvas autóctones, realmente especiais. Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinto Cão e Sousão são algumas das mais destacadas. A Touriga Nacional é a vedete dentre todas, pois possui características especiais, principalmente nos aromas. Alguns produtores elaboram vinhos varietais, mas os mais destacados são produzidos por vinhas velhas, que geralmente são uma miscelânea das castas plantadas no mesmo espaço de terra. Os varietais são produzidos a partir de vinhas que foram plantadas mais recentemente. Nos últimos anos o Vale do Rio Douro tem sido amplamente desenvolvido no enoturismo, com hotéis e pousadas de todos os níveis. Uma sugestão para quem gosta de sossego, linda paisagem e excepcionais vinhos é a Quinta do Vallado.

Vinhas e complexo Vallado ao fundo

Comandada por João Alves Ribeiro (tataraneto de Maria Adelaide Ferreira, a Ferreirinha) e com a enologia a cargo de Francisco Olazabal e Francisco Ferreira (primo de João e também descendente direto da Ferreirinha), a Quinta hoje produz vinhos reluzentes e sensacionais. Muitos deles conquistando prêmios e pontuações astronômicas mundo a fora.

Uma das Salas da acolhedora Quinta do Vallado

Do lado espanhol o portentoso rio atravessa algumas regiões e passa nas cercanias de Zamora, onde fica a região vitivinícola denominada Toro, que também produz grandes vinhos, principalmente tintos nos últimos anos. A região de Rueda ,muito forte na produção de brancos, também tem influencia do Rio ao norte.  Como definimos uma degustação somente entre Douro e Ribera Del Duero, vamos deixar os vinhos dessas regiões para uma próxima oportunidade.

O excelente Arzuaga Crianza na Bodega

A macro região da Ribera Del Duero é berço de grandes vinhos tintos que podem ser considerados  dentre os melhores do mundo. É dessa região a mítica Bodegas Vega Sicilia. É nessa casa que é produzido o mais impressionante vinho espanhol e que está ranqueado entre os 10 vinhos mais importantes do mundo.

Grandes Tintos da Ribera del Duero

Em visita recente ao Brasil , com Pablo Alvarez, um dos proprietários, tive o prazer de degustar os Vega Silicia Único safras 1982 e 2000. O Vega Único 2000 foi o vinho de maior pontuação de todos os vinhos degustados em 2010 (98 pontos). Nessa bonita região o enoturismo também tem crescido bastante. A Bodegas Arzuaga que produz vinhos extraordinários tem um grande hotel em suas instalações.

Vinhas Arzuaga com Hotel ao fundo

Na grande degustação às cegas realizada, separamos os vinhos em 2 grupos. Um dos vinhos ícones e outro de vinhos mais acessíveis. O que mais marcou é que a casta Tinta Roriz é a mesma que a “espanhola” Tinta Del Pais, porém os vinhos do lado português do Douro sempre tem uma importante proporção de outras castas enquanto que no lado espanhol, a maioria dos vinhos são a base da casta Tinta Del Pais ,como é chamada a Tinta Roriz na Ribera, algumas vezes cortada com Cabernet Sauvignon e Merlot. É essa a grande diferença entre esses vinhos. Enquanto no Douro existem vinhas velhas com uma grande gama de castas, na Ribera Del Duero temos sempre a Tinta Del Pais como casta predominante. No Douro podemos encontrar varietais de castas como Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e até Sousão, que tivemos o prazer de degustar um e que a propósito estava excelente.

Fachada da Quinta Vallado – enoturismo

As degustações às cegas com os dois  grupos dos vinhos  foram realizadas em dois dias diferentes. Todos os vinhos estão listados abaixo com a minha pontuação seguida do nome do importador.

A deliciosa piscina da Quinta do Vallado encrustada no Xisto, típico da região

Vale ressaltar que na degustação dos ícones, não tivemos nenhum vinho com menos de 90 pontos e tivemos dois com 96 pontos, que podemos sugerir um empate técnico entre o Mauro VS – Vendemia Seleccionada 2004 e o Vallado Adeliade 2005. Dois vinhos de tirar o fôlego e que merecem pontuação clássica. Ambos estão jovens e com muitos anos pela frente. O garage wine Antonino Isquierdo 2006 estava sublime. Um vinho inesquecível pela sua personalidade e finesse. O Valduero Gran Reserva 1999, por ser o vinho mais antigo da mesa confirmou sua estrutura e mostrou-se o mais pronto nesse flight. O fabuloso Vallado Field Blend 2007 é um vinho que precisa mais alguns anos de garrafa para estar mais integrado. Os dois varietais, o Vallado Sousão 2007 e o Crasto Touriga Nacional 2006, estavam especiais e mostrando a característica das castas. Olfativamente o Touriga Nacional foi o grande campeão da degustação. Essa casta concede aromas incríveis ao vinho com destaque para a carga floral (violetas) e mineral. Já o Sousão 2007 é uma experiência a parte. Retinto, robusto e intenso.

Dos vinhos value for Money tivemos boas novidades como os dois tintos da Quinta do Soque do Douro, o Reserva 2005 e o Vinhas Velhas 2007. Ambos fizeram um excelente papel ao lado do delicioso Bafarela Grande Reserva 2008, esse último, o mais jovem dos vinhos e com excelente performance. O desempenho dos vinhos foi de uma maneira geral excelente, mas com dois destaques e mais uma vez um de cada lado do Rio. Da Ribera de Duero o Arzuaga Crianza 2006 estava delicioso com seus taninos polidos. Um vinho para comprar de caixa. Do lado português do Rio, o Crasto Superior 2007 estava sublime. Firme, rico e com muita personalidade.

Destaques do Vale do Rio Douro

Ícones

Duero

Antonino Isquierdo Vendimia Seleccionada 2006 – 95 pontos – Casa do Porto

Arzuaga Reserva Especial 2004 – 93 pontos – Decanter

Valduero Gran Reserva 1999 – 94 Pontos – Ana Imports

Mauro VS Vendimia Seleccioanada 2004 – 96 pontos – Vinci

O. Fournier Alfa Spiga 2004 – 92 pontos – Vinci

Douro

Vallado Adelaide 2005 – 96 pontos – Cantu

Vallado Field Blend 2007 – 95 pontos – Cantu

Vallado Sousão 2007 – 93 pontos – Cantu

Crooked Vines 2005 – 90 pontos – Casa do Porto

Touriga Nacional 2006 – 93 pontos – Qualimpor

Custo Benefício

Duero

Arzuaga Crianza 2006 – 91 pontos – Decanter

Valduero Crianza 2007 – 89 pontos – Ana Imports

O. Fournier Urban Uco 2007 – 88 pontos – Vinci

O. Fournier Spiga 2005 – 89 pontos – Vinci

Douro

Quinta do Soque Vinhas Velhas 2007 – 87 pontos – Ana Imports

Quinta do Soque Reserva 2005 – 88 pontos – Ana Imports

Bafarella Grande Reserva 2008 – 89 pontos – Ana Imports

Crasto Superior 2007 – 91 pontos -Qualimpor

Vallado 2007 – 90 pontos – Cantu

Serviço:

Ana Imports – http://www.anaimport.com.br/

Cantu Importadora – http://www.cantu.com.br/importadora.html

Casa do Porto Porto – http://www.casadoportovinhos.com.br/

Decanter Vinhos – http://www.decanter.com.br/Vitrine/Home/Home.aspx

Qualimpor – http://www.qualimpor.com.br/

Vinci Vinhos – http://www.vincivinhos.com.br/

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