Conheça um pouco da história de uma das principais atletas do Brasil
Atualmente no Galatasaray, da Turquia, a mineira Érika Coimbra é uma das principais jogadoras de vôlei da história do Brasil. Por falar em história, ela é a maior pontuadora de todos os tempos da Superliga Feminina, título que já conquistou por 6 vezes.
Na seleção brasileira atuou por 10 anos, tendo a responsabilidade de substituir nada mais nada menos do que Ana Moser que se afastou das quadras em 1999. E muito se engana quem acha que isso a afetou de alguma maneira. Logo nos seus primeiros campeonatos como titular, Érika foi um dos destaques da equipe na campanha do ouro Pan Americano em 1999 e no bronze olímpico em Sidney 2000. Na história mais recente, ajudou a equipe da Unilever a chegar ao titulo da Superliga na temporada 2008/2009 e ao vice-campeonato na de 2009/2010.
Confira a entrevista:
Depois Chieri, onde você foi a maior pontuadora do campeonato italiano, como está sendo essa sua segunda experiência de jogar fora do Brasil?
Érika: Chieri foi um momento especial da minha vida pessoal e da carreira! Istambul é um desafio pessoal novo, queria vida nova, conhecer um lugar diferente, uma cultura e um voleibol diferente. Estou amando, vivo como no Brasil apesar de não falar a língua local tenho vários amigos e amigas turcos, franceses, sérvios, italianos e brasileiros também. Tive também essa fase difícil de viver uma primeira lesão depois de 16 anos de carreira, mas foi só um empurrãozinho pra eu voltar com mais força ainda!
Você esteve defendendo a seleção brasileira por 10 anos. E teve a responsabilidade de substituir a Ana Moser, uma das melhores jogadoras do mundo, com apenas 17 anos. Em algum momento você se sentiu pressionada? E a própria Ana Moser chegou a te ajudar na época, de alguma maneira?
Érika: Olha, pressão eu sempre tive em toda minha carreira. Quando me pego falando ou ouvindo alguém falar de uma jogadora, exemplo: ela é muito nova ainda, vai aprender (risos). Eu nunca tive isso, sempre queriam que eu fosse adulta com 18, 19 anos e não olhavam a menina que estava por trás daquela grande jogadora. Isso me fez bem, também amadureci cedo, mas também cansei cedo daquela vida de viagens e treinos da seleção. Sentia falta de uma vida normal, como férias amigos e família, mas amei fazer parte da seleção.
Lógico, já cheguei para substituir a minha ídola. Opa!(risos). Ela foi espetacular comigo, é minha amiga até hoje. É difícil ter portas abertas com a Ana Moser porque ela tem um jeito de ser mais reservado e sério e todos a respeitavam muito, mas eu com meu jeito moleca de ser, sempre tive todas elas como mães. Ela me deixou um ensinamento. Quando ela saiu e eu estava começando a brilhar ela disse: “menina chegar é fácil, difícil é se manter.”.
E consegui graças a Deus, até hoje estou aqui depois de 14 anos entre as melhores e tendo só 179 cm, baixinha para o vôlei. (risos)
Você é a maior pontuadora da história da Supeliga. Você deseja voltar a jogar no Brasil para ampliar ainda mais essa marca?
Érika: Com certeza! O Brasil é minha casa.
Há muita diferença em jogar no Brasil, Itália e Turquia?
Érika: Com certeza. Quando joguei na Itália jogavam todas as melhores jogadoras do mundo lá e era a maior liga do mundo. Aprendi muito, agora com o problema econômico que a liga italiana caiu muito. A Turquia tem dinheiro e ama o vôlei. Estão aqui esse ano, que é o primeiro ano de tantas estrelas juntas, jogadoras como Sokolova, Smocrovich, Fofão entre tantas outras, mas a escola turca ainda tem muito a aprender, por isso esse ano tem vários técnicos de fora do país pra ensinar um pouco aos turcos.
O Brasil tem uma escola maravilhosa e mista. Mas ainda precisamos de mais patrocinadores fortes para trazer nós que estamos jogando fora e também estrangeiras de grandes nomes como da Rússia, Sérvia e outros países.
Você apareceu no cenário do voleibol junto com a equipe do Rexona, e foi fundamental para levar a equipe ao titulo da Superliga logo no seu primeiro ano de existência. Fala um pouquinho sobre a sua história com a equipe, já que dos seis títulos conquistados por ela na Superliga você esteve presente em três.
Érika: Tenho um carinho especial pela equipe Unilever. Comecei na Rexona em 97, ainda um bebê e já jogava igual gente grande. (risos) Que orgulho dizer isso hoje!! Foi um começo maravilhoso, com uma equipe jovem onde ninguém acreditava que fossemos ganhar a não ser nós mesmas, além do mais, tínhamos a Fernanda Venturini levantando né, tudo ficava mais fácil, como digo sempre “quem viu, viu, quem não viu, vai demorar pra ver uma Venturini atuando”.
Eu fui a revelação, melhor atacante, etc…Foi maravilhoso!! Joguei de 97 a 2001 no Rexona Curitiba, depois joguei no Rexona Ades Rio de Janeiro e 2009/2010 na Unilever quando se mudou o nome. Foi uma época muito bacana, fiz amigos que gosto muito lá, tenho só a agradecer.
No cenário da seleção atual, a própria mídia acaba gerando uma especulação muito grande nas nossas levantadoras. Só que eu vejo que outros países têm levantadoras muito piores do que as nossas. Você não acha também que as nossas atacantes acabaram se acomodando muito no jogo da Fernanda Venturini e da Fofão que são espetaculares ?
Érika: (risos) É que em uma equipe de vôlei a levantadora é fundamental. Acho sim, que temos boas levantadoras hoje no Brasil, mas na época de Fernanda e Fofão também tinham outras grandes levantadoras pelo mundo. É natural que após fechar um ciclo de duas grandes levantadoras se crie isso.
Falando em Fernanda Venturini e Fofão, você teve oportunidade de ganhar títulos com as duas. Sem ficar em cima do muro, qual das duas é a melhor?
Érika: São diferentes! Olha que sempre dou a minha opinião. A Fernanda é mais completa até porque é maior. Mas a Fofão também é espetacular. As duas são muito boas!
Voltando em superliga, você também é uma das maiores vencedoras da competição. Alem dos três títulos com o Rexona, você também conquistou dois com o Osasco e um com o Minas. Desses seis títulos você consegue destacar um?
Érika: Olha, cada um tem uma história né. O primeiro foi maravilhoso porque foi minha estreia etc. O mais difícil foi o de 2004/2005, depois de perder a olimpíada e de viver uma difícil temporada no Osasco, ganhamos e contra Venturini no Rexona, Então tive esse privilégio (risos) e 2008/2009 também porque tive que superar muitas coisas difíceis que aconteciam na vida pessoal e ganhamos e ainda fiz uma excelente Superliga.
Para finalizar vou juntar três perguntas de uma vez! Qual o jogo que você acha mais importante da sua carreira? Quem você acha que é a melhor jogadora do mundo na atualidade? E qual o melhor técnico que você já trabalhou?
Érika: O melhor técnico sem dúvidas o Bernardo! A melhor jogadora Sokolova e o jogo mais importante da minha carreira foi contra o Mackenzie Esporte Clube de BH. Fui jogar contra o Mackenzie e me viram jogar. Depois me contrataram e ai começou minha história e oportunidade de vida! Amo meu trabalho!