Por Rafael Machtura, Portal Onne

DSC00726Patrick Jouin está com tudo. Aos 42 anos, o francês de Nantes, aluno de Philippe Starck, é um dos designers mais respeitados no mundo, com premiados trabalhos como a panelas de macarrão, desenvolvidas com o chef francês Alain Ducasse, os banheiros públicos e as estações de bicicleta pública, Vélib, em Paris. Além de sua própria agência, a Patrick Jouin ID, o francês também é sócio da agência Jouin Manku, com o arquiteto Sanjit Manku. Em comemoração do ano da França no Brasil, o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, recebe a exposição “Paris de Patrick Jouin”, como mais de 150 peças de mais de 50 projetos diferentes, até 27 de setembro.

Conversamos com Patrick e Sanji no dia da inauguração da exposição, confira abaixo a entrevista exclusiva:

ONNE – Está não é a sua primeira visita a São Paulo. Como é para você, como um designer com diversos trabalhos de urbanismo, visitar uma cidade sem nenhuma propaganda nas ruas?

Patrick Jouin – São Paulo foi a primeira cidade a proibir radicalmente a propaganda urbana. Eu acho que essa decisão foi tomada porque eles não foram capazes de administrar a publicidade de uma maneira correta. Hoje, nossa sociedade precisa ser estimulada pela criatividade e, na minha opinião, a política de “não publicidade” resulta na ausência de criatividade. A propaganda traz cor e felicidade para nosso mundo industrial. A publicidade em elevadores [midia indoor], também não é uma solução. Eu tenho muita curiosidade em ver os resultados dessa política nos próximo anos.

ONNE – O seu projeto das estações Vélib em Paris mostrou uma grande preocupação com o meio ambiente, principalmente o urbano. Quais foram as suas escolhas na utilização de materiais ecologicamente corretos?

Patrick – Para o Vélib, nós usamos materiais reciclados, como vidro, aço e ferro fundido. Eles podem totalmente reutilizados e também são muito resistentes. Os banheiros públicos usam água da chuva e luz natural. Na concepção dos produtos, materiais ecológicos de certa forma apresentam restrições pois são mais complicados, mas muito necessários.

ONNE – Seu trabalho envolve consumismo. Você está sempre produzindo algo para ser consumido. O que você acha desta era de consumo exacerbado que vivemos hoje?

Patrick – A questão é bem característica porque toda criação humana tem sempre um lado positivo e negativo. Quando inventamos algo devemos  sempre integrar poesia e criatividade. Por exemplo, para criar um produto você necessita de muita energia, mas no final você faz alguém ganhar dinheiro. A finalidade de um produto é ir além do consumismo, mas também integrar alguns de seus componentes.


ONNE – Você, em parceria com Sanjit Manku, desenvolveu o conceito de uma suíte do futuro para a rede W Hotels. Como foi criar algo pensando no modo que as pessoas irão se hospedar no futuro? Você acha que as pessoas irão levar o conceito de multi-funcionalidade para dentro de suas casas?

Patrick – Não. O conceito de multi-funcionalidade é muito mais fácil de encontrar em hotéis, e não em casas. Ele deve inspirar pessoas e criar uma experiência única para o hóspede. Até hoje, a experiência dos hóspedes tem sido padronizada e nós estamos trabalhando para contradizer esta ideia, criando originalidade em novas dimensões de hospedagem.


ONNE – Você parece ser uma pessoa que trabalha demais. Como é o seu estilo de vida e como você leva sua vida?

Patrick – Eu nunca trabalho nos finais de semana porque eu sempre foco na minha família, da qual eu cuido todos os dias. Discrição e muito trabalho são meu estilo de vida.

ONNE – Quais são 5 marcas com as quais você se identifica?

Patrick -Sonnelier, de papéis, cadernos, bloco de notas e pinceis; Prada; Levi’s; La Plêiade (Grupo de poetas renascentistas franceses) e Hoboken Records.


SERVIÇO

Exposição Paris Patrick Jouin

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima, 201, Pinheiros

De 30 de julho a 27 de setembro

Terça a Domingo, das 11h às 20h

Gratuito

www.patrickjouin.com