A partir de 12 de maio, o IMS Rio recebe uma retrospectiva de Sergio Larrain (1931-2012). Intitulada Sergio Larrain: um retângulo na mão, a mostra traz um panorama da produção do fotógrafo chileno, conhecido por retratar a paisagem e, sobretudo, os habitantes de seu país e de tantos outros destinos por onde passou. Larrain, que costumava criar imagens com ângulos e cortes pouco convencionais, integrou o time da consagrada agência Magnum, na década de 1960. Sua obra inspirou e dialogou com o trabalho de artistas como o argentino Julio Cortázar (1914-1984) e seu conterrâneo Pablo Neruda (1904-1973).
Com curadoria da francesa Agnès Sire, a mostra foi exibida pela primeira vez no Festival de Arles em 2013 e depois seguiu para diversas cidades chilenas e Buenos Aires. Em sua passagem pelo IMS Rio, a retrospectiva ganha uma breve seção que recupera a atuação de Larrain na revista O Cruzeiro Internacional, entre 1957 e 1960. A pesquisa e a seleção das reportagens foi feita por Miguel Del Castillo, curador da biblioteca de fotografia do IMS Paulista, e Samuel Titan Jr., coordenador executivo cultural do IMS.
“Suas fotos resistem a classificações: não se enquadram totalmente no novo fotojornalismo promovido pela Life ou mesmo pela Magnum, tampouco nos critérios fechados da fotografia moderna. Com ênfase no ser humano, seu ‘estilo’ era marcado por composições nada óbvias, em que o chão se faz muito presente, os horizontes aparecem muitas vezes inclinados, e figuras surgem desfocadas em primeiro plano, como a observar a foto que acontece atrás de si”, afirma Miguel Del Castillo.
Fotógrafo viajante, Larrain registrou inúmeros destinos com seu olhar singular. Na mostra, há imagens de países como França, Itália, Inglaterra, Peru, Bolívia e, claro, do Chile, que Larrain registrou continuamente. Em seu país, fotografou crianças de rua, cuja situação o deixava inquieto, a cidade de Santiago e a ilha de Chiloé. A série mais célebre, contudo, é sobre a cidade de Valparaíso, sua grande musa, que registrou ao longo de muitos anos. É de lá a famosa foto das meninas descendo a escada na passagem Bavestrello, bem como a sequência feita no bordel Los Siete Espejos, retratando prostitutas, travestis e seus clientes, em surpreendentes planos e efeitos com os espelhos do local, que o fascinavam.
Na mostra, há ainda uma seção dedicada às publicações do fotógrafo. Entre as obras, estão um exemplar fac-similar de El rectángulo en la mano(1963), fotolivro raro, com 17 fotografias e grampeado, e que dá nome à exposição. A seção também inclui exemplares de Sicile (1962) e Chili (1968), editados por uma coleção de viagem da Éditions Rencontre, e Una casa en la arena (1966), de Pablo Neruda – os três são ilustrados com fotos de Larrain –, além dos tardios Valparaíso e London 1958-1959, editado também por Sire, em colaboração com Martin Parr.
No dia da abertura (12/5), haverá uma visita guiada, às 17h, com Emmanuelle Hascoët, da Agência Magnum, e Miguel Del Castillo,responsável pela curadoria do IMS na mostra.
Sobre o fotógrafo
Sergio Larrain nasceu em 1931 na cidade de Santiago, Chile. De uma família da alta burguesia chilena, começou a estudar engenharia florestal em Berkeley, nos EUA. Após uma viagem pela Europa e pelo Oriente Médio, decidiu atuar como fotógrafo freelance. Seu primeiro trabalho mais consistente foi para a revista O Cruzeiro Internacional, na qual publicou matérias entre 1957 e 1960. No fim da década de 1950, conheceu Henri Cartier-Bresson e se associou à famosa agência Magnum. Por volta de 1967, ao entrar em contato com as ideias de filósofos orientais, começou a se afastar da prática da fotografia e da Magnum, realizando apenas fotos e publicações isoladas. A partir de 1978, passou a viver recluso no povoado deTulahuén, no Chile, para se dedicar à meditação.
Sergio Larrain: um retângulo na mão
Abertura: 12 de maio, às 17h. Visita guiada com Emmanuelle Hascoët, da Magnum, e Miguel Del Castillo, do IMS
Visitação: 12 de maio a 9 de setembro
Curadoria geral: Agnès Sire
Curadoria IMS: Miguel Del Castillo e Samuel Titan Jr.
Entrada gratuita