O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro inaugura, no dia 13 de maio, a exposição Chichico Alkmim, fotógrafo. Com curadoria de Eucanaã Ferraz, poeta e consultor de literatura do IMS, a mostra apresenta mais de 200 imagens produzidas pelo fotógrafo mineiro na primeira metade do século XX.
Francisco Augusto Alkmim (1886-1978) estabeleceu-se em Diamantina depois de viajar por Minas Gerais vendendo joias com seu pai. Ao chegar, encontrou uma cidade que já se distanciava dos dias de glória do período da farta exploração de diamantes. Chichico registrou as mudanças nesse universo, que flutuava entre a modernização e a tradição, fotografando a paisagem e seus habitantes. Sua atividade chegou até meados dos anos 1950.
Ao contrário de muitos fotógrafos com estúdios pelo interior do Brasil nesse período, Chichico nunca se limitou a retratar apenas a burguesia diamantinense. Teve como frequentadores de seu estúdio os trabalhadores ligados ao pequeno garimpo, ao comércio e à indústria e também fotografou casamentos, batizados, funerais, festas populares e religiosas, paisagens e cenas de rua.
Segundo Eucanaã Ferraz, no texto que abre o catálogo da exposição, “Chichico é daqueles fotógrafos que parecem ter o poder de fazer vir ao primeiro plano a vida de seus modelos. E é patente a densidade existencial que se expressa no conjunto de características físicas que chamamos fisionomia, compreendida como a realização momentânea de um destino”.
A exposição cobre cronologicamente e sintetiza as fases do trabalho do fotógrafo, que são apresentadas em salas ambientadas. Para reunir obras de valor museológico, a antiga biblioteca da casa da família Moreira Salles voltará ao seu estado original, com estantes de madeira e sem paredes falsas. Lá, será possível consultar mais de uma centena de negativos de vidro iluminados, que formam uma espécie de vitral, como também objetos originais do laboratório de Chichico e uma máquina de fole semelhante à utilizada pelo fotógrafo.
Um dos traços mais marcantes de Diamantina, e também registrado pelo fotógrafo, será homenageado pela mostra. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade, “entre outras excelências, povo de Diamantina é povo que canta, e isto significa riqueza de coração”. Em Chichico Alkmim, fotógrafo, serão expostos cinco discos 78 rpm, com as obras de Ernesto Nazareth e de Catulo da Paixão Cearense, além dos registros de seresteiros, grupos de jazz, estudantes de música, bandas escolares e militares fotografados por Chichico.
A abertura da exposição também marca os 129 anos da assinatura da Lei Áurea. Para homenagear a data, o cinema do IMS fará uma exibição especial de Terra deu, terra come (Brasil, 2010. 88’), de Rodrigo Siqueira, que se passa no quilombo Quartel do Indaiá, em Diamantina, na região onde Chichico Alkmim passou sua infância e juventude. No filme, Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos, comanda como mestre de cerimônias o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos, num ritual em que vêm à tona as raízes africanas de Minas Gerais.
A obra de Chichico Alkmim é composta por mais de cinco mil negativos em vidro e algumas dezenas de fotografias originais de época. Desde 2015, seu acervo está depositado em comodato no Instituto Moreira Salles.
Na abertura da exposição, será lançado também um catálogo organizado pelo curador.
:: Serviço ::
Chichico Alkmim, fotógrafo
Curadoria: Eucanaã Ferraz
Visitação: de 13 de maio, às 18h, a 1 de outubro de 2017
De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada franca – Classificação livre