Um paralelo entre áreas que podem atuar em conjunto pela saúde total

A FONOAUDIOLOGIA – Entende-se como a especialidade não médica que abarca as áreas de linguagem (oral e escrita), fala, voz e audição, ou seja, que trabalha com a comunicação. E o que é comunicar-se? É colocar-se no mundo, é expressar o seu jeito de ser nesse mundo, é a forma que se tem de atingir o outro. E esta pode se manifestar dos mais diversos modos, como por exemplo, a própria linguagem oral, a linguagem escrita, os gestos, o corpo, os símbolos etc.
Portanto, devemos ter em mente que quando uma pessoa apresenta um problema na área de linguagem, ele está enfrentando dificuldades na sua comunicação.

OS OBJETIVOS DO HATHA YOGA – Para se estabelecer a “ponte” entre a Fonaudiologia e o Yoga, é necessário colocar tais objetivos. São eles:
– Adquirir a suficiente purificação e adestramento.
– Físico: limpeza interna geral de órgãos e glândulas.
– Aquisição de flexibilidade e resistência dos músculos e articulações.
– Emocional: tranquilidade, serenidade e otimismo; sentimentos mais estáveis e profundos.
– Mental: conquista de um descanso mental a vontade; possibilidade de manter a atenção clara e viva, mas sem esforço, e poder aplicá-la, sem distração.
– Pranico (energético): purificação dos condutores de prana (Nadis, ou canais de energia) para que a energia cósmica sutil possa circular mais livremente pelo organismo sutil.
Com isto conquista-se o desenvolvimento e atualização das capacidades internas físicas, psíquicas e espirituais.
Tanto os ásanas (posturas) quanto os exercícios de pranayama (respirações) possuem efeitos nos níveis físico e psíquico e este fato será de extrema importância na relação a estabelecer entre a 2 áreas: Fono e Yoga.
 
UNIDADE CORPO-MENTE
A partir da estreita relação existente entre nossos processos físicos e psíquicos, e por conseguinte no quanto a vida emocional causa reflexos na comunicação das pessoas, e levando-se em conta a função dos chakras e suas respectivas funções no nível corpo físico e psíquico, podemos perceber a sequência existente do primeiro ao sétimo plexo e o porquê da hierarquia. A cada chakra que “subimos”, realmente nos elevamos em aprimoramento físico e espiritual.
Área do Coração (quarto chakra – Anahata)
Tensão como defesa contra sentimentos negativos como mágoas, mas que acarreta uma falta de envolvimento com sentimentos positivos também, como ternura, afeição, enriquecimento interior.
Ombros: são os elementos mediadores entre as emoções provindas do tronco e os braços e mãos, que se apresentam como unidades expressivas (toque, aperto de mão, abraço, soco, empurrão etc). A postura dos ombros revela como arcamos com nossas responsabilidades.
Alto das costas: músculos que retêm a raiva.
Coluna: espinha dorsal do corpo-mente. É aí que se depositam as cargas energéticas de expressões distorcidas e restringidas, que se transformam muitas vezes em sentimentos de raiva e ódio, e que se refletem não apenas na postura que se adquire, mas também no tônus de toda a musculatura envolvida.
Área do pescoço, garganta e queixo (quinto chakra – Vishuda)
Pescoço: local onde as emoções brotadas e amplificadas em níveis mais baixos (tronco) são classificadas, refinadas e elaboradas. Além disso, ele representa o canal de intercâmbio entre o cérebro (aspectos racionais, elaboração cognitiva) e o restante do corpo-mente, que é basicamente  ilustrado por emoções e ações. É portanto nesta região que surgem tensões decorrentes dos conflitos razão x emoção, pensamento x ação. Nem tudo o que se sente é falado, ou muitas vezes é elaborado verbalmente com uma carga excessiva do conteúdo cognitivo, não permitindo aflorar livremente a carga emocional que a mensagem deveria conter.
Segmento oral: variedade de ações expressivas (falar, chorar, rir, morder, beijar, gritar, cuspir etc). E quantas dessas ações não são reprimidas por nós no nosso dia-a-dia? Garganta tensa (voz contida e suave demais): medo de exprimir, de participar. Parte inferior da mandíbula: retenção de lágrimas. Alterações na mastigação, como bruxismo (ranger os dentes): raiva.
 
CAMPO E NÍVEIS DE ATUAÇÃO
Apenas para exemplificar as patologias abrangidas pela Fonoaudiologia, temos: distúrbios articulatórios, distúrbios de leitura-escrita, deglutição atípica, gagueira, disfonias, paralisia cerebral, afasias (alteração de linguagem decorrente de lesões neurológicas), fissuras labio-palatinas, deficiência auditiva e mental, distúrbios emocionais etc.
 
CAMPO DE ATUAÇÃO DO YOGA PRÁTICO
Respirações – No processo fisiológico é de suma importância o trabalho respiratório realizado com os pranayamas (diferentes formas para realizar e atuar no corpo físico com os movimentos respiratórios) e vocalizações de sons, como vogais com exercícios de diafragma em movimento, e com a garganta.
O relaxamento no processo de cura – O relaxamento envolve uma soltura plena, porém de forma atenta. Os ombros, a cabeça e o pescoço são de modo geral as regiões mais difíceis de relaxar e são elas as mais envolvidas com o processo fonatório, merecendo, portanto, uma atenção especial nesta situação. Podem ser utilizados alguns artifícios no início, como música, imagens, incenso etc, porém o ideal é que depois estes possam ser eliminados e a pessoa continue conseguindo relaxar de maneira natural por si própria.
 
VÍNCULO YOGA – FONOAUDIOLOGIA
Exercicios práticos – Entre as respirações: o sopro Ha, que limpa as vias respiratórias; Sitali, que limpa a mucosidade das amígdalas sendo indicado para garganta seca e rouquidão; Brhamari (respiração da abelha), que trabalha com as cordas vocais; Glandular, que trabalha com as glândulas do pescoço (tireóide e paratireóide); Udjai, que massageia as mucosas; Respiração purificadora, que relaxa os órgãos respiratórios e é indicada para os que fazem uso intenso da voz; Kapalabhati, que revigora as cordas vocais.
Entre os Ásanas (posturas): Folha Dobrada (Supta Ado Muka Svanasana), que trabalha com os plexos laríngeo e cervical; Postura do Leão, que estimula e massageia o pescoço e é indicado para laringites; Viparita Kartani (Invertida) e Matsyasana (Postura do Peixe).
Como em todo método há que se aplicar criteriosamente, levando-se em conta o paciente e o grau de dificuldade.
 
Este duplo trabalho dessas áreas específicas pode acontecer tanto no trabalho preventivo como no curativo. Neste último pode haver a integração do Yoga como uma abordagem de toda a unidade corpo-mente de forma integral, com alguma ênfase nos exercícios mais direcionados ao problema. Na terapia fonoaudiológica, em que são propostos recursos específicos, estes também podem ser cautelosamente adicionados e combinados a técnicas do Yoga.
 
Fontes: Associação Internacional de Professores de Yoga do Brasil e “Introdução à Fonoaudiologia”, Daniela Pacheco Valente