A cena de despedida foi mesmo memorável; logo após cruzar o Pontal do Maceió, aquela bola de fogo gigantesca ao redor da qual vivemos estava a ponto de mergulhar por trás da praia salpicada de jangadas, algumas pedras e crianças jogando bola. No plano anterior havia ao menos uns 20 ou 25 kites de todas cores voando no contraste do céu já totalmente avermelhado. Todos de amigos.
Vindo ao meu lado, a minha companheira de aventuras, Vivi, com um sorriso de orelha a orelha, finalizando o downwind para pousar em frente de casa após mais uma sessão incrível de muito vento, infinitas rampas e raias totalmente lisas por entre as diversas bancadas de areia surgidas durante a maré seca. A última queda da semana em que estivemos em Fortim hospedados na Vila Alesia não foi nada mau! Da praia, uma caminhada de 2 minutinhos e já estávamos nós de volta ao conforto da querida casa que nos acolheu por alguns dias naquele pedaço especial de Ceará.
Fortim, a pouco menos de 2 horas de Fortaleza, só não foi uma inteira surpresa porque já há uns dois anos vínhamos ouvindo repetidos elogios dos amigos que por lá passavam. Ainda assim superou as expectativas! Entre duas barras de rio, o Jaguaribe a leste e o Piranji a oeste, e o ventilador dos Alísios ligado 24 horas, o lugar é o playground perfeito para o esporte.
A opção de uma casa como a Vila Alesia (conheça as casas da Ôthentic Villas), para uma viagem como a que fizemos, uma viagem de confraternização entre famílias amigas, é a escolha certa. A casa tem espaço de sobra para abrigar uma boa turma; são 6 boas suítes, uma bela piscina, um gramadão para a molecada correr a vontade, cozinha grande e uma equipe preparada para garantir tudo funcionando.
Além da turma hospedada na Vila Alesia, havia ainda mais duas dúzias de outros casais de amigos com suas respectivas famílias hospedados por perto, o que transformou Fortim naqueles dias em uma grande celebração pelo esporte e pelas amizades.
Mas é claro que não só de kitesurf vive Fortim, o turismo levado pelo esporte é algo muito novo. Como tantas outras comunidades ao longo da costa cearense, a vila está baseada essencialmente na pesca. Mestres da pescaria artesanal, esse povo rústico ganha a vida com o que é do mar e dos rios. Seja em pequenas canoas nos estuários e mangues, ou nas jangadas valentes por dias e noites enfrentando as agruras de condições inóspitas, o pescador pode não dispor do que normalmente associamos por conhecimento, mas ele conhece como ninguém o seu meio; os ventos, as marés, os perigos, a vida marinha.
Com uma diversidade tão grande do que é do mar, tivemos realmente uma semana altamente gastronômica nas mãos da Dona Lú, cozinheira da casa, e do nosso grande Pedro Araujo, chef nas horas vagas!
Em 2000, numa viagem onde rodamos umas boas centenas de quilômetros por praias da costa nordestina atravessando barras de rio em pequenas balsas e sempre de olho na maré seca, visitamos a vizinha de fama mais antiga, Canoa Quebrada. Curioso que na ocasião que não me dei conta da existência de Fortim como destino, e não apenas passagem. Não havia os gigantes geradores eólicos alinhados sobre as dunas conferindo uma atmosfera pitoresca entre os dois municípios. Não havia construções modernas e gramados bem cuidados.
Casebres de pau a pique aos poucos dão lugar a novos empreendimentos, em boa parte capitaneados por europeus que chegam e se apaixonam pelo exotismo da paisagem e a simplicidade esquecida da vida. E se por um lado perde-se romantismo, por outro ganha-se estrutura e conforto. Ficamos nós aqui na esperança de que governos sejam capazes de encontrar o equilíbrio entre o velho e novo, entre desenvolvimento e inserção. E que as pequenas e lindas jangadas jamais abandonem as praias!
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