A gente se habituou a ouvir sempre em fins de ano: “O Natal perdeu o sentido. Virou só uma data comercial”.
Como diria um amigo, é besteira muita.
Tentem imaginar o Natal sem a santa mácula capitalista. Imaginem o quanto de empregos deixariam de ser gerados, o quanto de dinheiro deixaria de circular, os impostos que não seriam arrecadados, o quanto de oportunidades de acessar o mercado de trabalho não perderiam jovens que estão começando agora a ganhar o próprio sustento, o tanto de luz – sendo ou não importada da China – que perderiam as cidades, o tanto de sorrisos que muitas crianças deixariam de escancarar, o tanto desse sentimento solidário que costumamos ter, todos, e que faz com que alguns até tomem a liberdade de achar que são gente boa.
Repararam?
Imaginem o quanto de bons livros e bons CDs deixariam de ser presenteados (não ganhei nenhum, mas recebi umas garrafas de uísque e de vinho e necas de vodca: estou a caminho de me tornar um bêbado mais burro), imagine as mensalidades de colégios atrasadas que deixariam de ser quitadas, os aluguéis, as prestações, as dívidas com amigos. Imaginem os velhinhos do Lar Torres de Melo sem receber os lençóis, toalhas e sabonetes que, capitalistamente falando, são comprados para virar doações – o mesmo vale para a meninada do Albert Sabin e para o pessoal que fica nos sinais de trânsito.
Imaginem a falta de confraternizações regadas a cerveja em restaurantes, bares e muquifos.
Viram aí?
Meus caros, o Natal não perdeu o sentido. De uma forma ainda que diferente ou enviezada, o caráter consumista que assumiu continua gerando esperanças, permitindo a realização de sonhos e dando uma força à solidariedade.
E o Papai Noel – continuo acreditando nele, porque a meninice dos meus filhos me ensinou a acreditar; não barbudo nem vestido de vermelho nem calçando botas e com um saco nas costas, mas como uma certa essência benfazeja que se esparrama nas almas das pessoas – vai tocando a vida assim, levando na flauta (ou na gaita?), sem pendurar as chuteiras. E na primeira divisão.
Beijos e abraços a todos.
Feliz Natal e que venha 2010!
ps: recebi por e-mail e achei bacana dividir a mensagem.