Com a crise que vem assolando principalmente a Europa, o mercado de vinhos no Brasil continua aquecido transformando-se em parada obrigatória para os melhores produtores, enólogos e empresários do mundo todo
Como um dos mais importantes mercados para vinhos finos do mundo, o Brasil entrou definitivamente na rota dos melhores produtores, enólogos, críticos, jornalistas e empresários desse segmento. Sempre fomos um mercado importante, mas a sensação é que com a crise quem assolando a América do Norte e mais profundamente a Europa, os produtores têm investido mais em nosso mercado, principalmente com viagens para divulgação de seus produtos. Já divulgamos nessa seção visitas de alguns produtores de destaque nesse ano que ainda nem a metade chegou. Entre final de abril e maio, além de importantes Feiras como a World Wine Experience, a Vini Vinci 11 e a Expovinis, estiveram paralelamente por aqui nos últimos 45 dias ‘Homens e Mulheres’ do vinho, que são destaques mundiais hoje. Já destacamos alguns vinhos que foram apresentados em algumas dessas visitas, mas agora vamos abordar quatro especiais eventos que merecem mesmo destaque.
O primeiro grande destaque dessa nossa volta ao mundo em pleno solo Paulista, foi de um produtor dos Estados Unidos, mais precisamente da California. Estamos falando de uma degustação vertical do Ícone do Napa Valley, o Opus One. David Pearson, CEO dessa prestigiada vinícola, comandou pessoalmente a degustação com 6 safras desse espetacular tinto, que nasceu de uma joint venture entre dois dos mais importantes personagens do mundo do vinho de todos os tempos. De um lado o genial Philippe de Rothschild do mítico Chateau Mouton Rothschild de Bordeaux e do outro, o visionário americano Robert Mondavi, um dos precursores dos vinhos Californianos.
O vinho em questão é produzido em uma das mais espetaculares instalações para a época (fundada em 1990 como o maior investimento de todos os tempos em uma única instalação). Tivemos à mesa as safras 1986, 1988, 1990, 1991, 2005 e 2006. Todos estavam impecáveis e vivos. O Opus One 2005 foi o destaque ao lado do 1991. O 2005 estava denso e retinto. Um super tinto com uma força incrível no nariz. Muito sensual com camadas de frutas negras maduras sobrepostas a deliciosos toques de baunilha, nuances florais e tons de alcaçuz.
Conjunto aromático fabuloso. Parece uma essência de tão perfumado e profundo. Boca impressionante. Sobra potencia e força, mas não deixa de ser elegante. Taninos de espetacular qualidade, polidos. Final de boca muito longo. Delicioso e com muitos anos de vida pela frente. 88% Cabernet Sauvignon, 5% Merlot, 3% Cabernet Franc, 3% Petit Verdot e 1% Malbec. Talvez esse vinho seja o tinto mais bordalês de toda a América. Está entre os melhores Opus One de sempre ao lado dos memoráveis 1994, 1996 e do citado 1991.
Ainda em abril tivemos como um grande destaque uma degustação comandada por um dos herdeiros da Casa Adriano Ramos Pinto de Portugal.
O simpático Jorge Rosas ,um amante de nosso país, trouxe seus vinhos de Mesa, o Duas Quintas Reserva de 3 safras (todas em garrafas magnum), e 6 safras de seu vinho do Porto Vintage. Poderíamos falar sim dos excelentes Duas Quintas Reserva que foram servidos no jantar, mas antes Jorge comandou uma degustação inédita no Brasil, intitulada “3 Séculos de Porto”. Os afortunados presentes tiveram a oportunidade de provar os Vinhos do Porto Adriano Ramos Pinto Vintage, das seguintes safras: 2007, 1970, 1952, 1934, 1924 e 1884.
É mesmo para poucos poder apreciar vinhos com essa carga de história. Esse simpático português informou que a família vendeu essa propriedade para a mega Maison de Champagne Roederer. Todos os vinhos estavam em perfeito estado de conservação, com o mais velho, o 1884, já bem evoluído, um pouco “cansado”, mas ainda integro e firme, mesmo com mais de 100 anos de idade. O 1924 estava interessante e mais complexo que o 1934. O 1952 estava excelente e cheio de vida. O 1970 foi o mais “borgonhês” de todos os vinhos do porto que já degustei. Sua carga floral (rosas) estava impressionante com uma excelente carga de frutas vermelhas maduras. Muito elegante e sensual.
O ultra jovem 2007 estava muito robusto, firme e potente. Um porto que poderá evoluir por muito mais de 50 anos, como alguns de seus irmãos velhos que foram servidos. Uma das mais completas e impressionantes degustações verticais da Historia de nosso país.
Já em meados de maio tivemos ao contrario da degustação dos Portos, vários com mais de 70 anos, uma vertical de um vinho jovem, que teve sua primeira safra lançada com a o vinho da safra 1992. Estamos falando de um dos dois mais importantes vinhos de nosso vizinho Uruguay, produzido pela renomada vinícola Juanico, de propriedade da família Deicas. Fernando Deicas, o CEO da vinícola, esteve pessoalmente aqui no Brasil para comandar uma precisa degustação de seu vinho, o excelente Preludio.
As safras apresentadas foram 1997, 1999, 2002 e o recém lançado 2005. Com um blend baseado na Casta Tannat (predominante) blended com Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot. Os destaques dessa deliciosa degustação foram o firme, elegante e longevo 1999, seguido do pungente, vibrante e moderno 2005, esse último, com uma diferença no packging, que está mais elegante e pomposo, se comparado com antigo.
Para fechar a invasão estrangeira ,com estilo, tivemos no final do mês de maio a visita de Benoît Gouez, maitre des chais (chefe de cave) da renomadissima Maison Moët & Chandon, de Epernay, Champage-França.
A 1ª visita oficial ao Brasil do Chefe de Cave da Maison, no cargo desde 2005, foi para re-apresentar os carros chefe da casa (o Brut Imperial, o Rosé e o Nectar Imperial) e lançar oficialmente o Grand Vintage 2002. O Brut com seu estilo elegante, fresco e presente, tinha a marca da casa. Já o típico Rosé apresentava toques florais e muita fruta vermelha. Delicioso e muito sensual. O Nectar Imperial ,o demi-sec da casa, estava com uma doçura encantadora. Fez um sucesso incrível com as mulheres presentes ao evento.
Para termos um Grand Finale o lançamento do Grand Vintage 2002 foi espetacular. Era de se esperar um grande champagne, pois a safra em questão foi fabulosa na região. Pouco mais de 3 anos atrás tivemos a oportunidade de provar a Grand Vintage 2000 e na ocasião cheguei a comentar que nunca um Vintage da Moët esteve tão perto do ícone da casa, o Dom Perignon, da mesma safra. Com isso obviamente a expectativa estava grande. Pois bem o Grand Vintage 2002 estava ainda mais profundo e reluzente que o 2000. Mais uma vez temos a oportunidade provar um champagne muito perto do Dom Perignon 2002. Os tostados, os tons florais e o toque mineral, são mesmo a marca registrada desse excepcional champagne.
Coincidência ou não, Benoît fez parte da equipe do genial Richard Geoffroy, chefe da Dom Perignon, que foi destaque em nossa coluna em fevereiro último. Na citada matéria, comentamos o sensacional Dom Perignon 2002. Para quem tem algo relacionado com o ano de 2002, invista nesses dois champagnes, pois ambos tem estrutura para evoluir por mais 15/20 anos na garrafa.
Os vinhos Opus One são importados para o Brasil pela Casa do Porto – www.casadoporto.com.br
Os vinhos Adriano Ramos Pinto são importados para o Brasil pela Franco Suissa – www.francoosusisa.com.br
Os vinhos Juanico são importados para o Brasil pela Interfood (Todo Vino) – www.todovino.com.br
Os vinhos Moët & Chandon são importados para o Brasil pela LVMH – www.lvmh.com