Sensível biografia de um dos casais mais famosos da cultura pop explora um lado diferente da história e da relação deles
A revista Rolling Stone sempre foi famosa pela maneira com que construía os perfis de seus entrevistados, normalmente ligados à música. Muito dessa característica veio dos jornalistas que faziam parte da equipe da revista, como Jonathan Cott.
Eram deles essa sensibilidade e essa habilidade de conseguir analisar alguns pontos que nunca foram percebidos por outros repórteres.
O livro John Lennon, Yoko Ono & Eu (tradução de Claudio Carina; Editora Zahar, 232 páginas, R$ 42,90) apresenta um compilado das entrevistas feitas por Cott com o lendário Beatle e sua mulher, trazendo um conteúdo inédito na forma de texto e imagens.
Do contato inicial em 1968 à amizade ainda hoje existente com Yoko, passando pelo trauma do assassinato de Lennon, Cott usa a sensibilidade que o torna um dos grandes críticos culturais do nosso tempo para oferecer novos insights sobre John e Yoko – como indivíduos, artistas e amantes. E faz isso entrelaçando seus incríveis encontros com os dois à própria vivência de uma época transformadora em todos os sentidos.
O resultado é um retrato íntimo de dois dos mais extraordinários artistas do nosso tempo, e também o testemunho de uma profunda e duradoura amizade.
O único ponto negativo é que o livro talvez se torne específico para os fãs do músico, tornando-o um pouco cansativo para quem não domina o contexto sociocultural da época. Mas, de qualquer maneira, John Lennon, Yoko Ono & Eu se torna uma contribuição fundamental ao cânone dos livros sobre música pop, os Beatles ou mesmo os anos 60 e 70, trazendo como destaque a íntegra da última entrevista importante de Lennon, que conversou animada e longamente com o jornalista três dias antes de ser assassinado, em dezembro de 1980 – marcando a vida do autor, dos fãs da música e desse próprio universo sonoro para sempre.
Fotos: Reprodução
#Livros