A renomada ceramista lança livro sobre sua obra no Instituto Tomie Ohtake

Com texto do jornalista e crítico Antonio Gonçalves Filho, o livro “Kimi Nii” é a primeira edição sobre a produção da ceramista, que tem lugar de destaque na arte contemporânea ao se expressar por meio da milenar cerâmica.

Um coquetel para convidados, hoje (8/02/2012), às 19 hs, no ITO, marca o lançamento da obra.

Em matéria publicada em 2011, o PPOW retratou detalhes da trajetória artística e do pensamento de Kimi Nii sobre sua arte. Confira a seguir a entrevista/perfil:

A natureza como princípio criativo na cerâmica-arte de Kimi Nii

Com olhar sensível para o que chama de inteligência de formas sequenciais de flores e vegetações, Kimi Nii reinterpreta a natureza em cerâmica de alta temperatura. Esculturas traduzem assim a refinada visão estética da artista. Em sua obra, a atenta observação do natural também resulta em peças que muitas vezes agregam a função prática de objetos utilitários.

Pelos idos dos anos 70, durante um despretensioso passeio na Praça da República, em São Paulo, Kimi Nii selou seu destino de artista. Ali se deparou com peças de cerâmica que a encantaram e, de imediato, tornou-se aluna do autor dos objetos. “Na época, eu tinha vontade de fazer mil coisas, era ansiosa, queria mexer com arte, mas sem saber o quê exatamente. Trabalhava como designer gráfica – sou formada em Desenho Industrial pela FAAP –, fui morar no Recife, voltei, e aconteceu essa descoberta.

Quando fiz minha primeira peça de cerâmica e a vi sair do forno, senti uma euforia de criança e tive a sensação de que havia me encontrado”, conta Kimi.

“Hoje, quase 40 anos depois disso, posso dizer que domino mais ou menos a cerâmica”, declara, com mais modéstia do que ironia, a artista que ainda criança e incentivada pelo pai, arquiteto e apreciador de arte, já cultivava o gosto pelo desenho. Kimi nasceu em Hirohima, em 1947, e aos nove anos chegou ao Brasil com sua família.

Na obra de Kimi Nii, a técnica da cerâmica de alta temperatura se rende à sensibilidade e ao respeito com que ela observa a natureza e a reinterpreta em formas limpas, sintéticas, essenciais.

“A natureza tem uma inteligência geométrica, aritmética, sequencial. O que faço em cada peça ou escultura é interpretar geometricamente a natureza”, explica. “Sou intuitiva, brinco com o pensamento e com a estética, só me dou por satisfeita quando o resultado é harmonioso. Tenho esse defeito, só gosto quando fica bonito”.

Em seu atelier, no bairro do Butantã, e na loja da Vila Madalena, objetos utilitários, decorativos e “esculturas utilitárias”, formadas por bowls e vasos empilháveis, uma marca de sua criação, tomam estantes, cantos e nichos, denotando a prolífica e eclética produção de Kimi.

Ultimamente a artista plástica também tem flertado com outros materiais: madeira, metal, taipa. “Com a cerâmica, há a limitação do tamanho, apesar de poder juntar peças pequenas e formar uma maior. Mas quero usar outros materiais, experimentar as grandes dimensões.”

De cenários, como o do programa Metrópolis, da TV Cultura, às exposições coletivas com vários ceramistas, como a que acaba de ser realizada na reabertura ao público do Palácio do Horto (residência oficial de verão do Governador de São Paulo), ou com importantes nomes das artes plásticas, como a amiga Tomie Ohtake, em mostra atual na Galeria Deco (até 16/05/2011, com parte da arrecadação para as vítimas do terremoto e tsunami do Japão), Kimi Nii não para. E a cerâmica de alta temperatura parece ter ainda muito a expressar dessa sua inquietude artística voltada para a serena representação da natureza.


Serviço
Kimi Nii Cerâmica
R. Afonso Vaz, 583, Butantã, São Paulo, SP
Tel. 3726-3552
Rua Girassol, 314, Vila Madalena, São Paulo, SP
Tel. 3034-5282

Fotos: Alessandra Przirembel Angeli

Alessandra P. Angeli, Kimi Nii e Ivone Santos