… e Outros Objetos Curiosos – Coletânea de histórias de quadrinista é imperdível por tratar os quadrinhos como arte
Quem assistiu aos filmes da série Hellboy sabe muito bem como o universo criado por Mike Mignola combina muito bem com a mente de Guillermo del Toro: flertando entre surrealismo, uma estética steampunk e a fantasia com criaturas com visual bizarro, essas duas pessoas sabem como ninguém como captar o público pelo visual e por histórias que mesclam um ar de inocência e fábula e o grotesco – é por isso que eles se dão tão bem quando trabalham juntos, e também quando fazem os seus serviços individualmente, com del Toro criando grandes filmes (como os excelentes Círculo de Fogo e O Labirinto do Fauno) e Mignola com seus quadrinhos.
O livro O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos (tradução de Cassius Medauar; Editora Nemo, 104 páginas, R$ 49,00) é uma reunião de histórias escritas e desenhadas por Mignola e que flertam com temas como a morte, o desconhecido e o heroísmo num universo onde máquinas voadoras vitorianas, uma cabeça mecânica, roubos de tumbas, fantasmas, bruxas, marionentes, alienígenas e vegetais gigantes se colidem em contos curtos e com um aprimoramento visual único.
A HQ que dá título à coletânea, “O Incrível Cabeça de Parafuso”, surgiu da ideia de um brinquedo, conforme conta o autor numa nota ao final do livro. Um robô com a cabeça semelhante a uma lâmpada, que se encaixaria em diversos corpos; mas como Mignola não cria brinquedos, ele resolveu transformar sua ideia numa história em quadrinhos. Na produção das páginas, predominou seu gosto por desenhos de máquinas obsoletas, estátuas e prédios velhos. A história foi publicada como edição única em 2002 e ganhou o Prêmio Eisner de “Melhor Publicação de Humor” em 2003.
Por sua vez, “O Mágico e a Cobra” nasceu de um modo ainda mais inusitado. Quando voltava para casa com sua filha de sete anos, a menina contou-lhe sobre um desenho que fez na escola, de uma cobra num telhado, que estava furiosa com alguns objetos flutuantes. A narração da menina foi o ponto de partida para a HQ publicada numa antologia em 2002, e ganhadora do Prêmio Eisner de “Melhor História Curta” em 2003.
Já “Abu Gung e o Pé de Feijão” foi feita originalmente em 1998 para outra antologia da Dark Horse. Como o autor sempre gostou da história, mas não muito do desenho, ela foi completamente redesenhada para esta coletânea e também aumentada em quatro páginas. Completando o conjunto, as HQs “A Bruxa e sua Alma” e “O prisioneiro de Marte” foram criadas por Mignola especialmente para a coletânea, assim como “Na Capela dos Objetos Estranhos” que, segundo o autor, serve “para amarrar tudo de um jeito que não pudesse ser explicado, como um pequeno chapéu para uma cabeça de formato estranho”.
Aos amantes da arte, ao final o leitor é contemplado com 11 páginas de um fantástico caderno de esboços, com comentários sobre o processo de criação das HQs.
Com O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos a gente conhece um outro lado do autor de Hellboy, e se apaixona por seus traços únicos e seu estilo cínico e atemporal.
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