Iniciativa ajudou a aumentar o número de araras-azuis de 1.500 para 5.000 somente no Pantanal
A estação reprodutiva é o período mais intenso de trabalho para os profissionais do Projeto Arara Azul, que monitorada aproximadamente 3 mil aves, que vivem em 364 ninhos espalhados por 47 fazendas pantaneiras. Um susto para os biólogos aconteceu no mês de julho, pois foram contabilizados apenas dois ovos, um número muito abaixo dos 12 ovos contabilizados no ano passado. Porém, para alivio dos participantes do projeto, a postura se intensificou no mês de agosto, com 32 ovos.
Segundo Neiva Guedes, bióloga, professora do Curso de Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Anhanguera-Uniderp e idealizadora do projeto, o atraso se deve às mudanças climáticas, pois as araras-azuis costumam entrar na estação reprodutiva após uma grande chuva, que este ano só ocorreu na metade de agosto e em menor intensidade do que esperada. “Em 2011, a estação de cheia do Pantanal foi intensa e muito rápida, mas com a mesma velocidade que o nível das águas subiu, o Pantanal secou. A chuva esperada para julho ocorreu somente em agosto e acredito que este fato tenha atrasado os processos biológicos”, afirma.
Apesar do atraso no início da postura, os esforços não param para garantir o sucesso da reprodução, com monitoramento dos ninhos, inserção de ninhos artificiais, manejo dos ninhos com problemas, entre outras atividades. Atualmente, o projeto conta com três profissionais fixos no campo, dois biólogos e um assistente de pesquisa, mas logo receberá reforço de mais dois profissionais, um biólogo e um estagiário, para intensificar os trabalhos nesta fase essencial para o aumento do número de indivíduos da espécie.
Para Neiva, um dos principais desafios do projeto é treinar a equipe para monitorar tantos ninhos e desbravar os caminhos tortuosos do Pantanal, que só é possível graças a capacidade off-road da Hilux, que combina agilidade e resistência tanto em terrenos acidentados como nas áreas alagadas da região . “O responsável pelo monitoramento também precisa trabalhar pendurado nas árvores, aguentando sol quente e insetos como mosquitos e carrapatos, além de enfrentar situações de risco como cavidades repletas de abelhas. Parece simples, mas não é”, comenta.
Com os esforços da equipe do projeto no campo e o auxílio da educação ambiental informal, realizada pelos próprios profissionais envolvidos com a ação, junto aos proprietários de fazendas, funcionários e a população em geral, o conhecimento sobre as araras-azuis tem aumentado, gerando o engajamento em prol da causa e também a redução do tráfico de animais silvestres na região.
Desta forma, o projeto patrocinado pela Fundação Toyota do Brasil vem apresentando um saldo bastante positivo nestas últimas duas décadas, como o aumento de araras-azuis de 1.500 para 5.000 indivíduos da espécie somente no Pantanal, a ampliação da área monitorada de 47 mil hectares para 400 mil hectares, abrangendo as regiões da Nhecolândia, Miranda, Abobral e Bonito; e avanço no número de ninhos cadastrados, que eram de 48 e hoje contabilizam 619. Estes indicadores representam uma vitória para a espécie que há 20 anos estava na iminência da total extinção.