“O aparelho respiratório é a porta que permite a purificação do corpo, da mente e do intelecto. A chave para consegui-lo é o Pranayama.” (B.K.S. Iyengar)
Os praticantes de Yoga estão familiarizados com os diferentes tipos de respirações feitas em aula, porém às pessoas que nunca praticaram esses exercícios respiratórios aconselha-se a orientação de um profissional, pois os efeitos podem ser prejudiciais se não forem devidamente aplicados.
Controlando o ato de respirar, é possível controlar os vários movimentos do corpo e suas correntes nervosas. É também através do Pranayama que podemos harmonizar a vida individual com a vida cósmica.
Podemos dizer que os vários e diferentes tipos de respirações aplicados na Yoga são, na verdade, diferentes maneiras de conduzir o Prana (energia vital). Porém, para receber seus efeitos benéficos, precisamos de uma boa dose de disciplina ao praticá-los, senão diariamente, pelo menos três vezes por semana. O resultado logo aparecerá e então será possível avaliar a nossa total transformação tanto física quanto emocional.
Tipos de respirações mais comuns dentro da Yoga
> RESPIRAÇÃO BAIXA – baixo ventre
Trabalho terapêutico: massageia o coração, desenvolve e tonifica o aparelho respiratório, limpa o sangue, aumenta a resistência.
> RESPIRAÇÃO MÉDIA – na altura das costelas
Trabalho mental: aumenta a energia psíquica.
> RESPIRAÇÃO ALTA – clavicular
Respiração Completa – as 3 fases juntas.
> BHASTRIKA PRANAYAMA – conhecida como a respiração do fole, pois lembra o barulho do fole. O ar é aspirado com força e solto na mesma intensidade. Todo
o aparelho respiratório entra em ação.
Trabalho físico: ação articular – articulação do pescoço.
Trabalho terapêutico: produz forte oxigenação no sangue com aceleração sanguínea no cérebro.
Trabalho mental: aumenta a serenidade e a coragem. Fortalece a vontade além de aumentar o potencial energético do corpo.
> KAPALABHATI – respiração do fogo. O ritmo é continuo e a expiração é maior do que a inspiração. Produz um som como o de um trem.
Trabalho terapêutico: clareza mental.
> BHRAMARIN PRANAYAMA – durante a expiração produz um som suave, como o zumbido da abelha. Se ouvirmos atentamente é o som do OM.
Trabalho terapêutico: o zumbido induz ao sono, sendo propício para quem sofre de insônia.
Trabalho mental: traz um estado interior de alegria.
> NADI-SHODANA – a respiração alternada, ou polarizada. Pode ser praticada por qualquer pessoa. Ela é muito importante, pois purifica os nervos e abre os
canais de energia ao longo da coluna vertebral, propiciando clareza mental. Pode se realizada na posição deitada ou sentada de maneira que a coluna esteja reta. Consiste em fechar uma narina e inspirar o ar pelo outro lado, para logo em seguida expirar pelo lado bloqueado. Toma-se uma inspiração desse mesmo lado por onde expirou, fechando a passagem do ar e soltando pelo lado contrário, e assim sucessivamente. Com a prática, vamos inspirar, fazer a retenção com pulmão cheio, para então soltar o ar pelo lado contrário e fazer uma retenção com pulmão vazio. No início podemos fazê-la sem ritmo, porém à medida em que vamos tomando contato com o fluir da respiração, sua prática vai apresentar variações na contagem e nas retenções de pulmão vazio ou cheio.
> UJJAYI PRANAYAMA – é uma respiração normal (completa) feita através da glote (garganta) e produz o som do oceano.
Trabalho terapêutico: fortale os nervos, acalma o cérebro; é usada para induzir ao estado de meditação.
A prática do Pranayama no auxílio de enfermidades
Asma: o asmático deve fazer longas e controladas expirações, no mínimo de dez a vinte minutos diários. A respiração polarizada ajuda nos casos graves, pois acalma o ritmo cardíaco.
Atenção e memória: aplica-se o Kapalabhati, que aumenta a circulação e limpa o cérebro.
Problemas cardíacos: com o acompanhamento médico e dependendo de cada caso, os Pranayamas devem ser feitos muito suaves e sem nenhum tipo de retenção.
Cefaleias: No caso de dor de cabeça simples aconselha-se expirações alongadas e a retração alternada que pode ser feita a qualquer hora em curtos intervalos.
Constipação intestinal: neste caso aplica-se uma contração com pulmão vazio, empurrando a parede do abdômen na direção da coluna, contraindo a musculatura abdominal.
Depressão: dependendo do grau e intensidade, os Pranayamas podem ser variados e trabalhados de uma forma mais intensa. O Bhastrika é muito aconselhado para estimular a circulação cerebral.
Problemas de digestão: Bhastrika e Polarizada com retenção, para que os órgãos internos sejam ativados e massageados através da respiração.
Hipertireoidismo e hipotireoidismo: as disfunções da tireóide (glândula situada na garganta, que controla o sistema endócrino do corpo). Para o Hiper, fazer a polarizada e, para o Hipo, realizar Kapalabhati e Ujjai Pranayama.
Hipertensão arterial: fazer a respiração baixa tanto quanto puder, em vários momentos do dia. Respiração polarizada sem retenção e relaxamento após a execução; Ujjai sem retenção.
Hipotensão arterial: ao contrário da alta, apresenta sintomas de baixa pressão- pranayamas como o Ujjai e polarizadas são aconselháveis.
Obesidade: são inúmeras aplicações que podem resultar em um quadro favorável para a pessoa responder a esse distúrbio metabólico. A respiração do fogo (Bhastrika) ajuda a diminuir a fome e acelera o metabolismo.
Atenção: antes de qualquer prática, em todos os casos mencionados, é aconselhável acompanhamento médico.
Não nos esqueçamos, ainda, que a imobilidade no Yoga é apenas aparente. Basta observar que dentro de nós há um movimento constante mantido pela respiração, além de muitos sons internos, que só a profunda atenção nos ajuda a perceber. A inspiração é chamada de Puraka; a parada, de Kumbaka; e a retenção, de Rechaka.
Essencialmente, a respiração é um ato de comunicação com o Absoluto.
Fontes: A Ciência do Pranayama (de Swami Sivananda) e Yoga – Manual Prático (de Gabriella Cella Al-Chamali)
Fotos: Alessandra Przirembel Angeli / Ivone Santos – I stop for photographs ©