Dilma x Marina

Normalmente me abstenho de assuntos políticos porque não sinto que tenho uma bagagem suficiente para expor as minhas opiniões. Mas, depois de ter lido o texto “As traições de Marina. Bem que avisei!” (Clique aqui para ler o texto), do ambientalista Dener Giovanini, acho que vale pontuar algumas coisas que um estudante de jornalismo de 23 anos percebe sobre o Brasil e o nosso futuro político, econômico, educacional e social:

 

1) Giovanini escreve para um blog de “Reflexões Ambientais”. De ambiental, o texto dele não tem nada. Talvez só a preocupação (mascarada) de um cara que ainda se sustenta por títulos de reconhecimento internacional colocados no seu site (www.denergiovanini.com.br).

 

2) Em determinado momento do texto, ele diz: “Seria eu um implicante sem razão contra Marina Silva ou será que Deus me concedeu o dom da adivinhação? Nem uma coisa, nem outra. Sou apenas um pragmático, que não dá asas a paixões avassaladoras de momento e nem me deixo levar pelas emoções de ocasião”. 

E critica que o grande inimigo de Marina Silva é o seu ego. Giovanini mostra que também tem esse inimigo e que não sabe trabalhar com ele – afinal, publicar uma crítica e uma lista de “traições” revela o lado parcial das coisas. E esse egocentrismo é o que move os nossos políticos: afinal, por que a Dilma ainda chama o Lula de “presidente Lula”? Ele não saiu do poder há 4 anos? Ou esse é um título que se recebe pelo resto da vida?

 

3) Todas as “traições” que ele cita são questionáveis, e provavelmente serão assuntos complicadíssimos para qualquer um dos candidatos. Independente da minha preferência política, é aquela máxima que se faz real: nunca dá para agradar gregos e troianos.

 

4) Tudo bem que aquele é um espaço dele e que ele não deixa evidente suas predileções políticas. Mas, da mesma maneira que William Bonner foi criticado com o modo como entrevistou a Dilma (e para mim o problema nem foi o tom impositivo, mas o tempo que ele levava para fazer as perguntas; Bonner não é um iniciante, já tem boa experiência para fazer isso!), Giovanini acaba fazendo um texto agressivo e sem muito embasamento.

Política é feito de acordos e alianças. Não quero defender Marina Silva e suas atitudes políticas; também não quero só criticar Giovanini, afinal, ele tem todo o direito de expor as suas opiniões.

O que vale é tentar abrir os olhos para esse jogo político que vai se acentuar e se tornar mais agressivo à medida que as eleições se aproximam: tanto a imprensa como os candidatos vão se esforçar ao máximo para tornar esse momento confuso, cheio de ataques e repleto de (falsas?) denúncias para prejudicar a imagem dos rivais.

 

O que importa é no que a gente acredita e acha certo defender. Se eu não gosto do PT e vejo que eles não fizeram nada magicamente e só evoluíram o que já estava sendo feito por governos anteriores, tenho que ser respeitado. Se não acho certo as atitudes do PSDB e de alguns de seus candidatos – inclusive do nosso governador, que não faz nada para contornar essa greve das universidades estaduais que se torna absurda, já dura 3 meses e já truncou o nosso ano letivo e planos de vários estudantes -, também tenho que ser respeitado.

Aproveitando esse gancho, esse é o momento de repensar várias coisas. Giovanini expôs as suas preocupações com a candidatura de Marina Silva e os assuntos que tocam a parte do meio-ambiente. Mas e a saúde, educação e economia?

No caso das universidades estaduais e desse problema das greves, a situação chega a ser grotesca: se professores e funcionários pedem um aumento de salário e benefícios e a reitoria recusa, batendo o martelo numa única proposta, a gente vê a fragilidade do sistema. Em 2013, as três universidades estaduais receberam, de acordo com dados levantados no Portal do Governo do Estado de São Paulo, mais de 8,3 BILHÕES de reais. E desde 2012 a USP já gasta mais do que recebe: eles receberam por repasse do ICMS e da Lei Kandir R$ 3.982.846.377,00 e tiveram gastos de R$ 4.554.985.000,00 em 2012; em 2013, receberam R$ 4.361.662.080,00 e gastaram R$ 5.368.612.000,00.

Esse assunto merece uma discussão só para ele; afinal, criticar o sistema e os problemas é muito fácil. O difícil mesmo é propor soluções. Mas o importante é – como já disse – abrirmos os olhos para o que acontece. O ensino público é sucateado? Com certeza. Mas o problema não é falta de grana – e sim de gestão, como em todos os outros setores da nossa política. Isso acaba gerando uma insatisfação que leva à apatia do povo, que não quer saber de política por achar isso “cansativo”, “confuso” e acreditar que não existe solução para os problemas do país.

Retomando a ideia original desse texto, política não se faz num ringue de MMA; política se faz com respeito e com verdade. Se os poderes que regem o país não trabalham com alguns valores que podem tornar o país melhor e desenvolvido, o que a gente pode esperar do Brasil?

Parece que a nação verde e amarela não é mais o país do progresso, mas do retrocesso.

Corrida à presidência

Marina na disputa