Confira a entrevista que o fotógrafo concedeu ao PPOW. Saiba mais de suas histórias e aventuras.
Uma carreira de mais de 20 anos dedicada a uma paixão: a fotografia. Ulisses Matandos, natural de São Paulo, capital, desde adolescente viaja o mundo tirando fotos de lugares e realidades totalmente diferentes. Busca sempre em seus trabalhos fazer com que as pessoas reflitam sobre determinada imagem e aflore sentimentos.
Inicialmente a fotografia era uma brincadeira de criança, pois tirava fotos com uma câmera amadora, que ele mesmo afirma não sendo grandes coisas. No entanto, ao ganhar de presente de sua mãe uma câmera profissional (Yashica), aos 18 anos, conseguiu aumentar a qualidade das imagens e buscou aperfeiçoamento na área.
Em 1990, aos 20 anos, foi conhecer o Centro de Desenvolvimento Profissional do SENAC e, ao final de um curso amador, decidiu se dedicar a profissão. Um ano depois, voltou ao SENAC para o Curso Profissional de Fotógrafo, que complementou com outros cursos. Ainda em 1991, montou seu primeiro laboratório P&B e logo em seguida começou a trabalhar de assistente para fotógrafos como Roberto Giovanni de Guglielmo, Heitor de Guglielmo, André Schiliró, Maurício Nahas, Sérgio Divitiis e Andréia de Godói, Fábio Carvalho, Guto Junqueira, entre outros.
Um dos trabalhos mais interessantes e curiosos feito pelo fotógrafo foi uma viagem para fotografar o Pelé no lançamento de um grande empreendimento imobiliário, em Angola. Na ocasião ele aproveitou para conhecer o Roque Santeiro, um mercado ao ar livre já desativado, onde retratou a partir de sua visão imagens de fortes demonstrações do povo africano.
Confira na entrevista abaixo as curiosidades desta aventura de Ulisses Matandos em Angola, além de conhecer outras histórias interessantes do fotógrafo!
PPOW: Como você descobriu que tinha o dom para fotografar?
Ulisses Matandos: Comecei cedo a fotografar, com 16 anos viajava com uma máquina amadora e curtia bastante ver as imagens reveladas na volta, apesar de não serem grandes coisas. A partir daí com 18 anos ganhei uma máquina profissional de minha mãe e as imagens começaram a melhorar, então resolvi fazer um curso amador para entender mais e ter técnica. Isso foi fundamental.
PPOW: O que é preciso fazer para tirar aquela foto especial, diferenciada?
Ulisses Matandos: Primeiro acredito que independente do equipamento, a pessoa tem que ter o principal; o olhar. Sensibilidade também é muito importante, e aí junte a isso conhecimento técnico e muitas vezes paciência e não tem como a fotografia não ficar boa.
PPOW: Você tem mais de 20 anos de profissão. Como você pode retratar as mudanças causadas pelo avanço tecnológico, da fotografia em filme para a digital?
Ulisses Matandos: Toda aquela magia e principalmente a expectativa para ver o resultado desapareceu com o digital e a possibilidade de se ver na hora ganhou a batalha facilmente. A portabilidade das imagens, reduzida em relação aos montes de rolos de filme que se levava em uma viajem também. Um aspecto que sempre friso é que o meio ambiente ganhou muito em relação ao analógico, pois não necessita de processos químicos, que muitas vezes eram despejados na pia do laboratório. Hoje o laboratório virou o Photoshop. De uma certa maneira era mais “fácil” com filme no sentido que depois que você fotografava era só enviar para o laboratório, editar e pronto. Hoje muitas vezes o fotógrafo tem que tratar as imagens e isso toma bastante tempo, mas me adaptei bem e hoje só uso digital.
PPOW: Como surgiu a ideia, a oportunidade de fotografar o mercado a céu aberto Roque Santeiro, em Angola?
Ulisses Matandos: Na verdade eu fui contratado para fotografar o Pelé no lançamento de um grande empreendimento imobiliário e já sabia da existência do Mercado. Tentei ir lá a primeira vez e fui quase preso, então tive que solicitar uma autorização para o chefe da província e do Sindicato de Jornalistas de Angola. Só então pude fotografar acompanhado de seguranças bem armados. Foi uma oportunidade única, era 2009 e soube recentemente que no final de 2010 ele foi desativado.
PPOW: Tem alguma curiosidade para contar sobre esta experiência?
Ulisses Matandos: O que mais me chamou atenção foram os olhares das pessoas (alegres, desconfiados, encabulados, tristes, revoltados, indiferentes…). Em um país que passou quase 30 anos de guerra, você imagina quanto sofrimento existiu, quantas pessoas perderam parentes queridos, e isso parece que está no fundo dos olhares mesmo daqueles que te abrem um sorriso. Acho que isso foi mais marcante do que ver as condições extremamente precárias de higiene e estrutura do local, que são impressionantes e bem longe da nossa realidade.
PPOW: Você tem trabalhos fotografando pessoas comuns, natureza, shows, objetos, entre outros. Qual o que você possui mais prazer de fazer? Qual o mais difícil de atingir o resultado desejado?
Ulisses Matandos: Dentro do universo da fotografia acredito que foquei bastante nas áreas que eu tenho prazer, por exemplo: eu não faço futebol, casamento ou policial. Dentro das que você citou gosto muito de Natureza que é onde tenho um momento de introspecção e paz, ao mesmo tempo que tento trazer alguma imagem para sensibilizar as pessoas que vão vê-las e resgatar a importância e consciência de preservar nosso meio ambiente, fauna e flora, enfim toda esta biodiversidade. Não temos luz controlada como em um estúdio, tudo depende de estar no lugar certo, ter muita paciência e claro as surpresas que terá pela frente, tipo ver um inseto muito diferente, ou conseguir ver algum mamífero, um pássaro. É uma emoção, um sentimento que te faz querer voltar no lugar ou experimentar outros locais sempre em busca de algo novo que possa te surpreender. E nunca tem fim.
PPOW: Na sua carreira você já tirou milhares de fotos, mas há alguma que seja mais especial, que tenha uma história marcante? Se sim, pode nos contar um pouco sobre o acontecimento?
Ulisses Matandos: Tive algumas com certeza. Vou te contar da última, que foi uma viajem de trike (asa delta motorizada) sobre o Pantanal. Sempre quis fazer isto desde 2002 quando quase consegui, mas por alguns motivos não deu certo. Esta imagem é muito importante pra mim, se só tivesse feito ela, a viagem já teria sido sensacional, foi um momento verdadeiramente mágico que me deixou extremamente realizado.
PPOW: O que você gosta de fazer quando não está trabalhando? Tem algum hobby? Qual?
Ulisses Matandos: Ultimamente tenho trabalhado bastante e o tempo fica escasso, acabo treinando 4 dias da semana logo pela manhã antes de ir para o estúdio e quando sobra um tempo quero visitar meus amigos e curtir um pouco. Valorizo muito as amizades.
PPOW: Se tivesse super poderes o que você transformaria no mundo?
Ulisses Matandos: Todas as armas de fogo em instrumentos musicais e aí então teríamos exércitos da música.
PPOW: O PPOW tem 4 canais principais: Brilhe, Explore, Inove e Prove. Indique para cada um deles uma palavra que tenha ligação com seu estilo de vida.
Ulisses Matandos:
Brilhe: para as pessoas que você ama.
Inove: quebrando regras.
Explore: lugares e culturas.
Prove: novos sabores.
Conheça mais sobre os trabalhos de Ulisses Matandos em www.ulissesmatandos.com
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