Sem discriminação, o importante é praticar até o limite de cada um

O Yoga pode ser praticado por todos sem discriminação. Não importa a idade, peso ou flexibilidade. Há quem veja a prática como sendo de “posturas de circo”, com pés na cabeça, ou de ponta-cabeça etc, quando, na realidade, a proposta verdadeira é praticar até o limite de cada um.

O Hatha Yoga Pradipika (tratado para a prática) afirma que a má saúde não é uma barreira, desde que se pratique com benefícios para si mesmo.

Muito além dos exercícios físicos, esses benefícios advêm da influência de preceitos que, mesmo não conhecidos ou estudados pelo praticante, permeiam e atuam em conjunto com as posturas e respirações em um plano sutil.

Yamas e Nyamas

YAMAS são regras ou preceitos de moralidade para a sociedade e para o indivíduo. Segundo Patanjali (codificador dos tratados yoguicos), os yamas são observâncias para “o que o homem deve deixar de fazer”. São eles:

Ahimsa – Não-violência. No seu significado mais amplo, significa amar, a partir do princípio de que destruir qualquer coisa viva ou não é uma ofensa ao Criador.

Satya – Verdade. Ser verdadeiro em relação a si mesmo e em relação ao próximo.Ter a vida baseada na verdade faz o homem ser capaz de unir-se ao infinito.

Asteya – Não roubar. Aqui, roubo pode ser em relação ao tempo, às ações dos outros, ideias, oportunidades. Inclui-se também a ideia de possuir com nossos desejos aquilo que não nos pertence. É uma ideia muito sutil.

Brhamacharya – Viver no sagrado. Dedicação ao estudo das leis sagradas.

Aparigraha – Não acumular. No sentido material, não ter mais do que o necessário. Não acumular lixo mental. Ideias, conceitos que são nocivos a nós mesmos enquanto pessoas. Acumular em excesso é falta de fé na providência e em si mesmo.

NYAMAS são atitudes ou regras de conduta relacionadas à disciplina individual. Visam a organização da vida interior e reestruturação da personalidade. São eles:

Saucha – Pureza. Limpeza física, hábitos de asseio. E, internamente, através da prática de pranayamas (exercícios respiratórios), asanas (posturas) e kryas (exercícios específicos para limpar o corpo). Limpeza da mente, que deve ser trabalhada para esvaziar os distúrbios emocionais, como apegos, ódio, luxúria, inveja, paixões etc.

Santosa – Estar feliz com o que tem. Contentamento, alegria e tranquilidade são estados de espírito que devem ser cultivados.

Tapas – Esforço sobre si. Está relacionado com a vontade de se esforçar espiritualmente – auto-disciplina. Há Tapas relativos ao corpo (vide Ahimsa e Brahmacharya), relativo à fala (não maldizer, não ofender) e relativo á mente (Santosa – manter o auto-controle)

Svadhyaya – Estudo de si mesmo e das escrituras. Relacionado com o intelecto.

Ísvara Pranidhana – Dedicação a um ideal. Relacionado com as emoções. É a oferenda de todas as ações e desejos ao seu ideal. Dedicação de esforços ao ideal supremo, divino.

Em uma aula de Yoga todos os preceitos e regras estão intrinsecamente ligados. Um não acontece sem levar ao outro. Ao praticarmos um somos levados automaticamente a descobrir o seguinte.

O corpo é comparado a uma carruagem, o intelecto ao cocheiro, a mente às rédeas, os sentidos ao conhecimento, a ação aos cavalos, os desejos aos pastos.

O corpo precisa ser forte, saudável e harmonioso, pois sem essas qualidades o entendimento, que é o cocheiro, não pode controlar as rédeas, ou seja, a mente, nem os sentidos.

Hari OM!

 

 

Bibliografia: Diário Espiritual, Naná Cardarelli – IYTA do Brasil; Colegiado de Yoga do Brasil Dharmapar (artigos)

Fotos: Juliana Barros Araujo

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